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Asteroide acusado de extinguir os dinossauros é inocentado
RICARDO MIOTO
DA REPORTAGEM LOCAL
O principal suspeito de ter sido o asteroide que levou os dinossauros à extinção acaba de
ser inocentado do crime. A defesa foi apresentada por uma
dupla de astrônomos do Rio.
O trabalho que eles contestam ganhou projeção em 2007.
Na época, um trio internacional propunha um culpado pelo
extinção dos dinos, há 65 milhões de anos. Relacionaram o
episódio com outro muito anterior, de 160 milhões de anos,
quando um asteroide gigante se
chocou com outro entre as órbitas de Marte e Júpiter.
A trombada resultou em várias lascas voando para todos os
lados -a família Baptistina de
asteroides. Uma delas teria vagado por 95 milhões de anos
pelo Sistema Solar antes de se
chocar com a Terra.
"Sem chance"
Mas o novo estudo mostra
que "não tem nenhuma chance
de ter sido ele", segundo Jorge
Carvano, astrônomo do ON
(Observatório Nacional).
Ele observou, com Daniela
Lazzaro, também do ON, o 298
Baptistina, que é o "asteroide
pai", do qual as lascas foram arrancadas. Medindo quanta luz
ele reflete (o albedo), souberam
mais sobre as suas características e compararam-nas com as
do objeto que atingiu a Terra,
levantou uma nuvem de poeira
que causou as extinções e deixou como vestígio a cratera de
Chicxulub (México).
Os dados não batiam. "Existem materiais que refletem
menos luz, como carvão, e menos, como gelo. O albedo não
permite que se diga exatamente qual a composição do asteroide, mas dá para afirmar que
ela não bate com a do objeto
que se chocou com a Terra",
afirma Carvano.
O asteroide que caiu no México refletia pouca luz (albedo
baixo). O 298 Baptistina, muita
(albedo alto). Os resultados serão publicados na revista científica "Monthly Notices of the
Royal Astronomical Society".
"O grupo do estudo de 2007
não faz observação. É um grupo
que faz pesquisa teórica [ou seja, modelos matemáticos], eles
levantaram hipóteses bastante
forçadas", diz Carvano.
Além disso, em uma escala de
milhões de anos, o albedo influencia o movimento do objetivo, por causa das forças que
são criadas pela interação com
a luz do sol. "[O grupo de 2007]
não sabia qual era o albedo e assumiu um valor errado." Ou seja, a lasca apontada como culpada deve ter feito um caminho
bem diferente do imaginado.
A origem do objeto que acertou a Terra volta, então, a ser
uma dúvida. "Pode até ter sido
um cometa", diz Carvano.
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