São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

Próximo Texto | Índice

AMBIENTE

Agosto registra aumento de mais de 20% em focos de calor em relação ao ano passado; crescimento é maior no PA

País vê aumento em incêndios florestais

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Os Estados do Centro-Oeste mais o Pará, Rondônia e Bahia estão em alerta máximo para incêndios florestais. No mês de agosto, em todo o país, foram registrados 38.024 focos de calor, pontos captados por satélite que podem representar fogo. O número é mais de 20% superior ao contabilizado no ano passado, 29.215.
Agosto marca o início da temporada de incêndios florestais no país devido à escassez de chuvas.
Até o final de outubro, brigadas de combate ao fogo estarão em alerta em diversas regiões, sobretudo no Centro-Oeste e Norte, para conter labaredas que destroem e poluem o ambiente.
O Estado de Mato Grosso, sozinho, foi responsável por 34% de todos os focos de queimada que foram captados pelos satélites em agosto. O Pará, contudo, foi onde houve o maior aumento do número de incêndios: o Estado saltou de 6.083 em agosto de 2003 para 11.488 em agosto deste ano.

Questão "cultural"
O coordenador de Fiscalização Florestal da Fema (Fundação Estadual de Meio Ambiente) de Mato Grosso, Walter Ferreira Coelho, afirmou que o problema das queimadas no Estado é "cultural".
"Queimadas são um problema cultural. Só a longo prazo vamos acabar com isso, com educação ambiental. Mato Grosso é o campeão em queimadas porque é o único Estado com mais vegetação. São Paulo [que registrou 566 focos] já não tem nada", disse.
Para tentar conter os reflexos das queimadas sobre a saúde pública (há cidades que são tomadas pela fumaça), a Secretaria Estadual da Saúde afirma que intensificou a distribuição de aparelhos de nebulização e medicamentos para queimaduras e alergias.
As unidades de conservação, áreas com vasta diversidade de flora e fauna protegidas por lei, estão também entre os alvos do fogo que, em geral, se propaga a partir de pontas de cigarro jogadas em rodovias ou por meio da perda de controle de queimadas para limpar o solo para a agricultura.
Em Mato Grosso, uma portaria do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) proíbe a utilização da queima, desde julho, em todo o Estado.
Até a tarde de ontem, pelo menos nove reservas federais estavam em chamas. Na Chapada Diamantina, Bahia, 28 brigadistas tentavam conter as labaredas que destruíam a vegetação. No Estado foram detectados 970 focos de fogo, contra 579 no ano passado.
O Parque Nacional de Brasília, que tem área de 318 km2, teve 3 km2 destruídos por um incêndio debelado anteontem.
Segundo os meteorologistas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o tempo seco deve continuar prevalecendo na região Centro-Oeste nos próximos meses.


Colaborou Hudson Corrêa, da Agência Folha, em Campo Grande


Próximo Texto: Panorâmica - Arqueologia: Egípcios descobrem nova tumba em Gizé
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.