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Parar desmate até 2020 custa de US$ 6,5 bi a 18 bi
Investimento considerado barato cortaria até 5% das emissões globais de CO2
Segundo cientista, dinheiro poderia ser levantado por mecanismo global para compensar países pobres que preservam florestas
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O investimento necessário
para zerar o desmatamento na
Amazônia brasileira até 2020 é
de US$ 6,5 bilhões a US$ 18 bilhões, indica uma estimativa de
cientistas brasileiros e americanos. Em estudo na edição de
hoje da revista "Science", os autores do trabalho defendem
que esse custo é relativamente
barato e permitirá eliminar de
2% a 5% das emissões globais
de gases do efeito estufa.
Liderados por Daniel Nepstad, do Centro de Pesquisa de
Woods Hole (EUA), os pesquisadores simularam investimentos em três diferentes tipos de iniciativa para desestimular o desmate e estimaram o
custo da empreitada por Estado.
"Nossos modelos econômicos integram as melhores informações disponíveis sobre
solos, estradas e custos de produção para captar a lógica econômica dos condutores do desmatamento", afirma Britaldo
Soares-Filho, da Universidade
Federal de Minas Gerais, coautor do trabalho.
A lógica do estudo foi calcular os chamados custos de
oportunidade -a renda à qual
um proprietário de terra renuncia ao deixar de desmatar-
em toda a Amazônia brasileira.
Segundo Paulo Moutinho, do
Ipam (Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia), que
também participou do estudo,
um custo de US$ 18 bilhões não
é tão alto quando se imagina
que praticamente todo esse dinheiro poderia vir de um mecanismo de ajuda. É o chamado
Redd (Redução de Emissões
por Desmatamento e Degradação), ferramenta que deverá estabelecer uma compensação a
países pobres que preservam
suas florestas. A Noruega, por
exemplo, já se dispôs a desembolsar US$ 1 bilhão pela causa.
"Seja o Redd um mecanismo
de mercado ou um misto de
doações com ações num mercado, ele tem a capacidade de financiar uma parte ou até a totalidade desse objetivo", diz
Moutinho. Segundo ele, porém,
para conseguir isso, será preciso ampliar os esforços, já que a
forte queda na taxa de desmate
desde 2005 não se deve só a
medidas proativas do governo,
mas em grande medida à crise
que prejudicou a expansão da
agropecuária, que perdeu parte
do interesse em abrir terras.
Com a tendência de aumento
na demanda por carne e soja
nos próximos anos, porém, será
preciso resguardar o avanço já
conquistado e ampliar ações de
preservação. "Existe uma mudança na exigência de consumidores de produtos agrícolas
por produtos mais sustentáveis", diz Moutinho. "Temos de
aproveitar essa janela de oportunidade criando mecanismos
de incentivo e reconhecimento
dos produtores que andam na
linha e, ao mesmo tempo,
apoiar os povos da floresta."
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