São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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PERISCÓPIO
Brasileira mostra novas relações entre bactérias e plantas

JOSÉ REIS
especial para a Folha

Sabe-se há mais de um século que a simbiose das leguminosas é a maneira mais eficiente de transformar o nitrogênio atmosférico em nutrientes de plantas. Desde então, tem havido muitos estudos para encontrar novas simbioses em outras plantas, principalmente em cereais.
Recentemente, Johanna Döbereiner, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), descobriu um novo conceito de interações entre plantas e bactérias fixadoras de nitrogênio -as bactérias fixadoras de nitrogênio endófitas, isto é, que se associam dentro das plantas e não no solo ou nas raízes, como na fixação nas raízes das leguminosas. Ela escreveu sobre o processo em artigo de "Ciência e Cultura" (92.44.5, 310). Essas bactérias extraem o nitrogênio diretamente do ar e não do solo.
No boletim 12 (1998) do "Informativo JR", editado pelo Núcleo José Reis de Divulgação Científica, da ECA/USP, sob coordenação geral do professor Luiz Barco, encontra-se modelar reportagem de Mauro Celso Destácio sobre trabalhos do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, coordenados pelos professores Crodowaldo Pavan e Carlos A. Moreira Filho, sobre as bactérias fixadoras de nitrogênio endófitas (BFNE).
Pavan e Moreira Filho têm encontrado as BFNE em diversas famílias de plantas. A descoberta da BFNE vem trazer muitos benefícios econômicos e ecológicos, pois o desenvolvimento das pesquisas acarretará a substituição dos fertilizantes nitrogenados usados na agricultura comercial, caros e poluentes de rios e lençóis freáticos.
Ponto de máxima importância ressalta Destácio: o contraste entre a pobreza do solo amazônico e a riqueza vegetal e animal. Pesquisas feitas em uma reserva indicaram a presença de bactérias endófitas em todas as plantas.
Os benefícios revelados pelas BFNE deverão repetir-se em escala macroeconômica, aumentando a oferta de alimentos a uma população mundial em crescimento. Nosso país poderá suprir suas próprias demandas e ainda contribuir para o abastecimento de outros, desde que haja adequado gerenciamento.



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