São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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FUTURO
Rumo ao espaço


Começam os preparativos para lançar em agosto o segundo satélite brasileiro


MARCELO FERRONI
da Reportagem Local

Já chegou aos Estados Unidos o satélite SCD-2, de 117 kg, o segundo feito no Brasil, que deverá ser lançado em agosto a partir do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida.
Projetado e construído pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José dos Campos (97 km a nordeste de São Paulo), esse satélite deverá substituir o SCD-1, lançado em 1993, na coleta de dados ambientais do Brasil.
Assim como seu antecessor, o SCD-2 deverá ser lançado por um foguete norte-americano Pegasus, a ser disparado de um avião, dessa vez um Lockheed L-1011, adaptado pela Orbital Science, empresa responsável pelo lançamento.
A órbita prevista para o SCD-2 (Satélite de Coleta de Dados) é de 750 km de altitude, de onde deverá monitorar os recursos hídricos, ambientais e meteorológicos do país e ajudar no aprimoramento da previsão do tempo.
Segundo Jânio Kono, gerente da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB), o custo de desenvolvimento do SCD-2 foi de US$ 11 milhões. Para o lançamento, o gasto previsto é de US$ 15 milhões.
As principais diferenças entre o SCD-1 e o SCD-2 são um novo sistema de orientação no espaço em relação à Terra e o maior número de peças fabricadas no Brasil.
"Cerca de 85% das peças do SCD-2 foram produzidas no país", diz Kono. No SCD-1, cerca de 75% dos componentes eram brasileiros.
O SCD-2 deverá permanecer em operação durante dois anos, mas poderá ficar mais tempo em atividade, como no caso do SCD-1.
Lançado em 1993, a vida útil do SCD-1 era de um ano. Mas o satélite funciona até hoje, apesar de falhas na bateria. "Ele pode parar a qualquer momento", diz Kono.
Em 2 de novembro de 1997, o lançamento do protótipo do SCD-2, o SCD-2A, fracassou depois que outro protótipo, o do foguete brasileiro VLS (Veículo Lançador de Satélite), precisou ser destruído devido a uma pane em um dos quatro motores de seu primeiro estágio.
O funcionamento do SCD-2 se baseia na retransmissão de informações ambientais -como dados sobre temperatura, umidade do ar e nível de rios- enviadas por plataformas de coleta de dados, espalhadas pelo país.
Essas plataformas são dispositivos eletrônicos automáticos, com painéis solares e bateria, e podem ser instaladas em locais de difícil acesso, como oceanos e florestas tropicais.
O satélite recebe os dados e os retransmite às estações receptoras do Inpe em Cuiabá (MT) e em Alcântara (MA).
Das estações, os dados são enviados para o Centro de Missão de Coleta de Dados, em Cachoeira Paulista (195 km a nordeste de São Paulo).
Já foram instaladas 273 plataformas no país. "Nos três primeiros meses de funcionamento do SCD-1, em 1993, havia apenas 15 delas em funcionamento", diz o engenheiro Sérgio Pereira, chefe da Divisão de Satélites Ambientais do Inpe.
Segundo Pereira, o maior número de plataformas "aumenta a precisão dos dados coletados pelo satélite".
O Inpe instalou também dez plataformas na Bolívia. Em troca, algumas instituições de pesquisa bolivianas receberão as informações ambientais coletadas durante cinco anos.
Segundo Kono, o principal usuário das informações coletadas pelo SCD-1 é a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), para o monitoramento das bacias hidrográficas e reservatórios brasileiros.



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