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Viagra para hamsters e bomba "gay" levam Ig Nobel
Prêmio Nobel da ciência inútil agracia três sul-americanos em sua edição de 2007
Japonês que extraiu aroma de baunilha de esterco e chinês que criou rede para
apanhar ladrão de banco também estão na lista
DA REDAÇÃO
Os brasileiros acabam de ganhar mais um motivo para ter
inveja dos argentinos. Além do
melhor churrasco, do melhor
vinho e de três Prêmios Nobel,
a Argentina acaba de ganhar
também seu primeiro Ig Nobel,
o Nobel da pesquisa inútil.
O "prêmio" é concedido
anualmente por um grupo de
humoristas a pesquisas "que
não poderiam ou não deveriam
ter sido publicadas".
Neste ano, levou o troféu na
improvável categoria Aviação
um estudo de um grupo da Universidade de Quilmes (cidade
da Grande Buenos Aires) que
mostrou que o Viagra é capaz
de reverter os efeitos do "jet
lag" (o mal-estar causado por
viagens para fusos horários diferentes) em hamsters.
"Estou contentíssimo e orgulhosíssimo", declarou à Folha o
cronobiólogo Diego Golombeck, co-autor do estudo, poucas horas antes de viajar para
receber o prêmio pessoalmente em Cambridge (EUA), numa
cerimônia que encheu o imponente Teatro Sanders, da Universidade Harvard -e contou
com a presença de seis ganhadores do Nobel de verdade.
"Sabíamos que esse artigo
iria dar o que falar, porque teve
muita divulgação na época. É
dessas pesquisas que fazem você rir primeiro e pensar depois", afirmou Golombeck, citando o mote do Ig Nobel.
O trabalho de Golombeck e
colegas foi publicado no ano
passado na revista científica
"PNAS", uma das mais importantes do mundo. Ele explica
como o sildenafil, o princípio
ativo do Viagra, consegue
adiantar o relógio biológico de
mamíferos, tornando-os menos suscetíveis às alterações
entre luz e escuro que provocam os sintomas do "jet lag".
Apesar do apelo humorístico, os cientistas juram que o
trabalho é sério e que pode ajudar a melhorar a vida de viajantes internacionais no futuro. Só
não explicaram ainda como lidar com os efeitos colaterais.
O prêmio da Paz também foi
para a área da aviação: seu vencedor foi o Laboratório Wright,
da Força Aérea dos EUA, que
nos anos 1990 iniciou o desenvolvimento de um programa de
armas químicas que incluía
bombardear soldados inimigos
com substâncias para atrair insetos ou com "substâncias que
alteram o comportamento humano". "Um exemplo de mau
gosto [sic] mas completamente
não-letal seriam afrodisíacos
fortes, especialmente se a substância também causasse comportamento homossexual",
afirma um documento do programa que foi tornado público.
Pela primeira vez nos 17 anos
de história do Ig Nobel, há uma
participação maciça de sul-americanos entre os agraciados. O chileno Enrique Cerda
ganhou o laurel em Física por
explicar por que os lençóis ficam enrugados, e o colombiano
Juan Manuel Toro, o de Lingüística, ao demonstrar que ratos não conseguem diferenciar
sempre o holandês do japonês
quando falados numa gravação
tocada de trás para a frente. É a
segunda vez que sul-americanos ganham o Ig Nobel.
"Vocês, brasileiros, precisam
fazer alguma coisa a respeito",
desafia o químico e humorista
Marc Abrahams, editor da revista Anais da Pesquisa Improvável, que organiza o Ig Nobel
(as maiúsculas são dele).
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