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ASTRONOMIA
Objeto a 25 mil anos-luz está sendo consumido
Astrônomos europeus encontram galáxia mais próxima da Via Láctea
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de astrônomos europeus acaba de descobrir a galáxia
mais próxima da Via Láctea já observada. Mas é bom olhar depressa, pois em breve dela não restará
muita coisa.
Claro, "breve" na escala cósmica, em que 1 milhão de anos é um
piscar de olhos. O que acontece é
que a Via Láctea está literalmente
engolindo sua irmã menor.
A galáxia Canis Major, assim
batizada por estar na direção da
constelação do Cão Maior, de
grande não tem nada, com apenas
1 bilhão de estrelas, e está sendo
gradualmente diluída na Via Láctea. Com sua força gravitacional
vastamente superior e 200 vezes
mais estrelas, ela está fazendo a vizinha em pedaços. Seus restos estão sendo absorvidos e integrados
ao disco da galáxia maior.
Uma galáxia é essencialmente
um vasto agrupamento de estrelas. As mais vistosas, como a Via
Láctea, apresentam o formato de
um disco espiral e possuem um
buraco negro gigante em seu núcleo, que mantém todo o resto girando em torno dele.
O Sol e seus planetas estão localizados num dos braços da Via
Láctea, na periferia galáctica, a
cerca de 30 mil anos-luz de distância do centro. A rigor, ele está
mais perto de Canis Major (25 mil
anos-luz) do que do centro da Via
Láctea. Apesar disso, não há com
que se preocupar. Eventos de colisão e canibalismo galácticos são
comuns e normalmente não provocam alterações significativas às
estrelas periféricas das galáxias
envolvidas, como é o caso do Sol.
Eventos similares já foram observados incontáveis vezes em
imagens de outras galáxias obtidas pelo telescópio Hubble. É o
segundo caso de uma galáxia flagrada em processo de "digestão"
pela Via Láctea. O primeiro foi
identificado em 1994.
O estudo foi liderado por Rodrigo Ibata, do Observatório de Estrasburgo, França. O pesquisador,
que tem laços com o Brasil, é um
especialista no assunto, tendo flagrado um banquete na galáxia de
Andrômeda (M33) há dois anos.
Descendente de bolivianos, Ibata é britânico, mas viveu boa parte
da vida na Bolívia, na fronteira
com o Brasil. Tem familiares que
hoje vivem em São Paulo.
O estudo deve sair em algumas
semanas no periódico britânico
"Monthly Notices of the Royal
Astronomical Society".
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