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Ásia já responde por
um terço dos erros
graves na ciência
Estudo mostra padrões de fraude em artigo
científico; Brasil é 20º do ranking mundial
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
Talvez seja um tanto maldoso colocar a coisa nestes
termos, mas há sinais de que
o fenômeno Xing Ling também invadiu o mundo das
publicações científicas.
Isso porque, de acordo
com um novo levantamento,
cerca de um terço dos artigos
científicos que passaram por
retratações -ou seja, foram
"despublicados" por erros
graves ou mesmo fraudes-
vieram da Ásia, com destaque para países como China,
Coreia do Sul e Índia.
A pesquisa, publicada no
periódico "Journal of Medical Ethics", é um levantamento do neurofisiólogo
americano Grant Steen, da
empresa Medical Communications Consultants.
Ele vasculhou uma das
principais bases de dados de
artigos científicos na internet, o PubMed, que abriga
publicações na área biomédica, em busca de todas as
pesquisas "retratadas" entre
2000 e 2010 -um total de 788
estudos, escritos em inglês,
mas oriundos de todas as
partes do mundo.
As principais noções do
Extremo Oriente, somadas,
chegam perto de empatar
com os EUA em termos de artigos "despublicados": 237
contra 260. (Em números absolutos, porém, os EUA têm
cerca de cinco vezes mais estudos no PubMed.)
"Não examinei diretamente essa questão de taxa de publicação versus taxa de retratação, mas creio que há uma
correlação, embora ela possa
ser bastante fraca", disse
Steen à Folha. Segundo ele,
o Brasil se sai relativamente
bem no ranking, com só cinco artigos "retratados" no período -nenhum por fraude.
A pesquisa mostrou outros
padrões interessantes envolvendo fraudes científicas. Estudos fraudulentos miram,
em geral, revistas científicas
de alto impacto em seu meio,
o que acaba sendo natural:
riscos altos, retornos idem.
E as distorções não costumam ser isoladas. Quem
adultera um estudo em geral
faz isso com vários.
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