|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIABETES
Pesquisa mostra que unidade responsável pela produção da substância só pode ser criada com célula embrionária
Estudo rastreia fábrica celular de insulina
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os defensores da idéia de que
células-tronco extraídas de adultos podem substituir por completo as obtidas a partir de embriões
levam hoje um golpe no pâncreas.
Uma pesquisa norte-americana
mostrou que células-tronco adultas não podem produzir as unidades fabricantes de insulina no corpo, como antes se pensava.
Toda vez que um indivíduo
consome um alimento com açúcar, um grupo de células pancreáticas detecta o excesso no sangue e
inicia a produção de insulina. Essa substância, por sua vez, serve
como um "alerta" para o corpo,
indicando que o açúcar deve ser
armazenado para uso futuro.
No caso dos pacientes com diabetes tipo 1, o sistema imunológico tem uma pane genética e começa a destruir as células-beta,
responsáveis pela fabricação de
insulina. O resultado é que o indivíduo precisa receber injeções regulares da substância para seguir
processando o açúcar no sangue.
Um fator crucial no desenvolvimento de tratamentos e formas
de curar a doença é entender como essas fábricas de insulina são
formadas no organismo. Os cientistas inicialmente imaginavam
que havia no pâncreas algumas
células-tronco adultas (unidades
capazes de se converter em vários
tipos de tecido) responsáveis pelo
surgimento de células-beta.
Era muito difícil, no entanto,
observar isso acontecendo. E foi
esse o grande salto técnico obtido
pelo grupo de Douglas Melton, do
Instituto Médico Howard Hughes, da Universidade Harvard.
O experimento foi feito com camundongos. Os cientistas criaram uma versão geneticamente
modificada dos bichinhos, com
uma alteração num gene que só é
ativado em células-beta e que, sob
a ação de um hormônio sintético,
serve como um "marcador", tornando possível "rastrear" o paradeiro de cada uma das células.
Acompanhando os roedores
por um ano inteiro, a equipe de
Harvard constatou que novas células-beta não surgiam de células-tronco adultas. Em vez disso, duplicam-se com um mecanismo
ainda mais simples -dividem-se
elas mesmas.
Claro, ainda resta saber se homens são como camundongos.
Mas a tendência é que sejam. "Há
muitos aspectos do desenvolvimento pancreático de humanos e
camundongos que são similares.
Os pâncreas humanos são maiores e têm de viver muito mais, mas
as funções do órgão são idênticas,
até onde sabemos", diz Kenneth
Zaret, pesquisador do Fox Chase
Cancer Center que comentou o
estudo na mesma edição em que
ele foi publicado, hoje, na revista
científica britânica "Nature"
(www.nature.com).
No artigo original, os cientistas
enfatizam que quaisquer estratégias para futuros tratamentos devem, portanto, se concentrar ou
no uso de células-beta já totalmente desenvolvidas ou na aplicação de células-tronco obtidas a
partir de embriões -cuja plasticidade seria superior à das extraídas de adultos. Segundo Zaret, já
houve experimentos promissores
com transplantes de células-beta
de cadáveres para diabéticos.
Em todo caso, o sucesso não é
para hoje. "Não há dúvida de que
aplicações médicas concretas vão
levar tempo", diz Zaret.
Texto Anterior: Arqueologia: Ruína na Guatemala abala cronologia maia Próximo Texto: Panorâmica - Espaço: Nasa precisa mudar para cumprir metas Índice
|