São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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CLIMA

Nação que lidera exportações mundiais de carvão mineral diz que acordo contra o efeito estufa é ruim para economia

Premiê da Austrália rejeita pacto de Kyoto

DA REUTERS

A Austrália, maior exportador mundial de carvão mineral, não irá ratificar o Protocolo de Kyoto, acordo internacional para reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa, disse ontem o primeiro-ministro John Howard.
A rejeição australiana vem um dia depois de o Japão ter ratificado (transformado em lei) o acordo e pedido a países como a Rússia e os EUA, o maior emissor mundial, que fizessem o mesmo.
Até agora, o governo da Austrália, que faz parte do chamado "umbrella group" -grupo de países aliados dos EUA na questão climática-, não havia decidido se iria se juntar às 73 nações que já ratificaram o acordo.
"Não está nos interesses da Austrália ratificar o Protocolo de Kyoto", disse Howard. "Para nós, ratificar custaria empregos e prejudicaria a economia", afirmou, ecoando os argumentos usados em 2001 pelo presidente americano, George W. Bush, para abandonar as negociações de Kyoto.
Para que o protocolo entre em vigor, o que estava previsto para acontecer durante a Rio +10 (cúpula da ONU sobre ambiente e desenvolvimento sustentável, que ocorre em agosto na África do Sul), é preciso que 55 nações o ratifiquem. Elas devem somar 55% das emissões de gás carbônico (CO2), o principal gás-estufa (produzido pela queima de combustíveis fósseis, como o carvão), por parte dos países industrializados.
Pelas regras do protocolo, as nações industriais devem cortar suas emissões em 5,2% em relação aos níveis de 1990 até 2012.
Howard disse que os arranjos de Kyoto não funcionariam enquanto não se impusesse às nações em desenvolvimento -como China e Índia- metas de redução e enquanto os Estados Unidos estivessem de fora.
A União Européia, que lidera os esforços pela implantação do protocolo após a desistência dos EUA, ratificou o acordo na última sexta-feira e conseguiu convencer o Japão a fazer o mesmo.
No entanto, até agora o bloco só conseguiu arrebanhar 35,8% das emissões dos países desenvolvidos, algo muito abaixo do limite de 55% necessário para a implementação. A UE espera que até o fim do ano a Rússia também aprove o protocolo, o que faria a soma alcançar 53,2%. A Austrália, que responde por 2,1% das emissões dos países ricos, poderia completar a meta definida pelo acordo após a adesão russa.



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