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AMBIENTE
Objetivo de pesquisa da Universidade da Califórnia é entender troca de gases do efeito estufa entre oceano e atmosfera
Estudo conta bolhas de ar em onda do mar
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois pesquisadores nos EUA explicaram os mecanismos de formação das bolhas de ar aprisionadas pelas ondas do mar, que estão por trás do barulho das ondas quebrando na praia ou em alto-mar. Mas o motivo do estudo é
prático: entender melhor as mudanças futuras do clima na Terra
causadas pela ação humana.
Entre os gases aprisionados pelas bolhas está o carbônico, ou
CO2, cuja presença na atmosfera
ajuda a reter a radiação solar. A
enorme produção desse gás como
resultado da ação humana -na
indústria e na agricultura- está
provocando um aquecimento
gradual do planeta.
O estudo de Grant Deane e Dale
Stokes, da Universidade da Califórnia, foi publicado na revista
"Nature" (www.nature.com).
"A formação de bolhas por ondas oceânicas aumenta a transferência de gases entre o ar e o mar.
Os oceanos são um importante
sorvedouro de CO2 produzido pelo homem. Os processos físicos
que controlam a transferência são
importantes para prever com precisão a mudança climática", disse
Deane. "O gás mais importante
envolvido é o CO2, e a direção de
transporte desse gás produzido
pelo homem é o oceano."
Deane afirma que um artigo na
revista especializada "Physics Today" de agosto trata especificamente desse papel dos sorvedouros. Segundo o artigo, o ritmo de
crescimento da concentração de
CO2 na atmosfera é menos da metade do que seria esperado graças
aos chamados sorvedouros naturais, plantas, solos e oceano.
A comunidade científica ainda
debate vários aspectos dos mecanismos de ação desses sorvedouros -e compreendê-los é essencial para prever o impacto humano no clima.
A pesquisa foi feita em ondas
em alto-mar que produzem a espuma branca que os marinheiros
chamam de "carneirinhos". Essas
ondas podem produzir uma densa coluna de bolhas, a mais de
meio metro da superfície.
"O tamanho da bolha é importante. Bolhas maiores dominam o
transporte de gases altamente solúveis como o dióxido de carbono, enquanto bolhas menores dominam o transporte de gases fracamente solúveis, como nitrogênio e oxigênio", afirma Deane.
As bolhas maiores são formadas
pela turbulência quando uma cavidade com ar é aprisionada pela
onda que quebra. Já as menores
surgiriam do impacto da ponta da
onda na superfície do oceano.
"Estimativas confiáveis da porcentagem de transferência de gás
para o oceano devido a bolhas
não foram feitas por causa da
complexidade do problema", disse à Folha Mark Loewen, da Universidade de Alberta, em Edmonton (Canadá). Loewen comentou
a pesquisa de Deane em artigo na
mesma edição da "Nature".
"Os modelos climáticos globais
precisam ser capazes de prever o
ritmo com que o CO2 é absorvido
pelo oceano, pois isso vai ter um
efeito direto nos níveis desse gás
na atmosfera", afirma Loewen.
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