São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2000

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MEMÓRIA
Trabalho de pesquisadora foi fundamental para agricultura brasileira
Johanna Döbereiner morre aos 75

Alexandre Campbell - 15.mai.95/Folha Imagem
A cientista Johanna Döbereiner em seu laboratório na Embrapa


ESPECIAL PARA A FOLHA


Johanna Döbereiner, uma das mais importantes cientistas brasileiras, morreu ontem de madrugada, aos 75 anos, de insuficiência respiratória. Ela sofria do mal de Alzheimer e teve problemas cardíacos na semana passada.
Döbereiner era, no país, a mulher mais citada em publicações indexadas internacionais. Seu trabalho de pesquisa foi fundamental para a agricultura brasileira, especialmente no caso da soja.
Ela trabalhava no Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em Seropédica-Itaguaí (RJ). Seus principais estudos foram voltados para o papel das bactérias na fixação de nitrogênio pelas plantas.
Esse tipo de estudo permitiu à agricultura brasileira diminuir o uso de fertilizantes, criando uma economia que muito ajudou o sucesso internacional da soja, além de diminuir a poluição das águas.
Calcula-se que as pesquisas do grupo liderado por Döbereiner tenham resultado em uma economia em fertilizantes nitrogenados no cultivo da soja de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões por ano.
Ela demonstrou como bactérias faziam a fixação desse nutriente essencial para o vegetal dentro das plantas e não no solo.
Johanna e seus colaboradores descreveram seis novas bactérias fixadoras de nitrogênio (diazotróficas), dobrando o número de bactérias conhecidas desse tipo.
Döbereiner era de origem alemã, nascida em 28 de novembro de 1924 em Aussing (então Tcheco-Eslováquia). Depois da Segunda Guerra, trabalhou como camponesa na Alemanha. "Era a única maneira de arranjar comida", declarou ela à Folha em 1995.
Ela se formou engenheira agrônoma na Universidade de Munique, em 1950. Nesse ano emigrou para o Brasil. Em maio de 1951, foi contratada para o Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola, depois transformado no Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia da Embrapa.
O enterro está marcado para as 10h de hoje no Cemitério de Santa Sofia, no km 50 da Antiga Rodovia Rio-São Paulo, em Seropédica. (RICARDO BONALUME NETO)


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