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CARNAVAL
Enredo teve consultoria da Casa da Ciência da UFRJ, que deu aval para "sonhos" como o das viagens no tempo
Unidos da Tijuca leva ciência para avenida
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Com o mesmo rigor com que fazem seus estudos acadêmicos, os
pesquisadores da Casa da Ciência
se dedicaram nos últimos seis meses a um projeto que consideram
de interesse para a ciência brasileira: a elaboração do enredo da
escola de samba carioca Unidos
da Tijuca, que decidiu contar no
Sambódromo um pouco do processo de produção científica.
A agremiação desfilará neste
ano no Grupo Especial -o mais
importante do Carnaval do Rio-
com o enredo "O Sonho da Criação, a Criação do Sonho - A Arte
da Ciência no Tempo do Impossível". Desde a escolha do tema, a
idéia de levar ciência ao Carnaval
carioca foi uma parceria entre o
carnavalesco da escola, Paulo Barros, e os pesquisadores da Casa da
Ciência, Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"A idéia surgiu no ano passado,
quando participei de um evento
na Casa da Ciência sobre a arte de
[Cândido] Portinari [1903-1962]
nos ateliês do samba. Numa conversa com os pesquisadores sobre
o papel da ciência, surgiu a idéia
de fazer um carnaval sobre o tema", contou Barros.
Enredo
O enredo aborda os sonhos do
homem que resultaram em descobertas científicas e os que ainda
parecem impossíveis. A gerente
de projetos da Casa da Ciência,
Isabel Azevedo, diz que a preocupação dos pesquisadores foi conciliar o rigor científico na pesquisa
das imagens utilizadas com o tema da imaginação e do sonho.
"Passamos os últimos seis meses fazendo um trabalho de pesquisa rigoroso. Consultamos vários pesquisadores e tivemos o
cuidado de discutir com o carnavalesco cada ponto do enredo, para não haver erro", disse Azevedo.
Mesmo imagens que hoje não
passam de ficção, como uma viagem no tempo, só entraram no
enredo depois que os pesquisadores descobriram alguma base
científica. "A idéia da máquina do
tempo, explorada por tantos filmes, acaba tendo um referencial
no presente. As teorias de Einstein sobre tempo e espaço dão
margem ao sonho de que, no futuro, esse poderia ser um invento
viável", disse ela.
Segundo o carnavalesco, a escola mostrará que muitos dos inventos científicos da atualidade já
foram considerados apenas um
sonho. "Leonardo da Vinci [1452-1519], por exemplo, praticamente
criou um projeto de helicóptero
que só se tornou realidade no século passado. Júlio Verne [1828-1905], em seus livros, imaginou
viagens no fundo do mar feitas
por submarino. Hoje, esses sonhos viraram realidade."
O carnavalesco e a pesquisadora
dizem não temer que a apresentação da escola seja prejudicada pelo tema, mesmo que assuntos relacionados à ciência costumem
ser de difícil compreensão para a
maioria do público.
"Tudo no Carnaval depende da
cara que você dá. A gente pegou
ícones de fácil reconhecimento e
leitura para o grande público, e o
enredo ficou claro", explicou Barros. Ele disse que o enredo tratará
ainda de temas como energia,
DNA, clonagem e transgênicos.
"Não nos sentimos intimidados
com o desafio, porque o objetivo
da Casa da Ciência sempre foi o
de popularizar a ciência e falar dela de uma maneira que não seja
tão árdua e difícil", afirmou o carnavalesco Azevedo.
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