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Pé chato indica que "hobbit" era mesmo espécie distinta
Hominídeo anão de 1 metro de altura habitou ilha na Indonésia há 18 mil anos
Novas análises do fóssil apontam que esqueleto era muito primitivo para ser de humano moderno doente,
como afirmavam críticos
Willian Jungers
![](../images/d0705200901.jpg) |
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DA REDAÇÃO
Pode estar chegando ao fim
uma das controvérsias mais
acirradas da antropologia nos
últimos tempos. Uma nova
análise do esqueleto do hominídeo anão de 18 mil anos apelidado de "hobbit" sugere que a
criatura era de fato uma espécie diferente do gênero humano, que encolheu ao passar milênios evoluindo isolada na ilha
de Flores, na Indonésia.
O "hobbit", cujo nome científico é Homo floresiensis, foi descrito em 2004 por uma equipe
de australianos e indonésios.
Ele sacudiu o mundo científico por ter apenas 1 m de altura (daí o apelido, em homenagem aos baixinhos da saga "O
Senhor dos Anéis", de J. R. R.
Tolkien) e o cérebro do tamanho do de um chimpanzé, mas
ainda assim fabricar ferramentas de pedra, morar em cavernas e caçar elefantes pigmeus.
Mas não era só isso: seus descobridores afirmavam que havia evidências de que os H. floresiensis ainda estavam vivos
até 12 mil anos atrás, pouco antes de o Homo sapiens inventar
a agricultura. Achava-se que o
Homo sapiens fosse o último do
gênero desde a extinção dos
neandertais, há 24 mil anos.
Nem bem a descoberta original foi publicada, na revista
"Nature", e ela começou a ser
contestada. Primeiro pelo arqueólogo mais famoso da Indonésia, Teuku Jacob (morto em
2007), depois por outros.
Eles afirmavam que o H. floresiensis era na verdade um ser
humano moderno com microcefalia, uma doença que reduz o
tamanho do crânio.
Dois estudos publicados hoje
na mesma "Nature" sugerem
que não era este o caso.
Um deles, liderado por William Jungers, anatomista da
Universidade de Stony Brook,
nos EUA, analisou o pé esquerdo do fóssil de Flores.
O outro, de Eleanor Weston e
Adrian Lister, do Museu de
História Natural de Londres,
documenta mais um caso de redução de cérebro em animais
isolados em ilhas: o dos hipopótamos pigmeus de Madagascar.
A dupla afirma que o mesmo
efeito pode ter ocorrido com os
hominídeos de Flores.
"Muitos cientistas, eu inclusive, estávamos em cima do
muro, esperando mais evidências", escreveu em comentário
aos estudos na "Nature" o paleontólogo Daniel Lieberman,
da Universidade Harvard. "E
agora temos algumas."
O caso está encerrado há algum tempo", disse Jungers.
"Este é só mais um prego no
caixão da hipótese da doença."
Primitivo
O americano e colegas mostraram que o pé do "hobbit" era
primitivo demais para pertencer a humanos modernos.
Ele era muito longo em relação ao corpo: tinha quase 20
centímetros. O dedão era curto,
como nos chimpanzés. E, o
mais curioso, o hobbit tinha pé
chato -a lateral interna dos pés
se apoiava no chão, como nos
macacos, em vez de fazer um
arco como no Homo sapiens.
"Não existe patologia em seres
humanos que os transforme no
seu ancestral", afirmou o pesquisador à Folha.
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