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"Não vamos repetir Kyoto", diz negociador de clima de Obama
Para Todd Stern, EUA não se comprometerão com meta que não podem cumprir
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
No que depender do maior
poluidor do planeta, um acordo
climático significativo e completo pode não ser fechado em
dezembro em Copenhague.
Quem diz é Todd Stern, enviado especial para mudanças climáticas do governo dos EUA.
Stern esteve ontem no Brasil,
como parte de um giro internacional, tentando articular ações
conjuntas para obter um acordo em Copenhague que vá além
do Protocolo de Kyoto -o único tratado global contra emissões de gases-estufa, cuja primeira fase expira em 2012.
O sucesso do novo tratado
depende dos EUA, cuja desistência fez Kyoto naufragar.
Apesar de o governo Barack
Obama estar comprometido
com o tema, a posição americana -e o tamanho das metas de
redução de emissões que o país
está disposto a aceitar- depende da lei de mudanças climáticas em trâmite no Congresso,
que pode não ser aprovada antes de Copenhague.
"Eu não acho que cada elemento do acordo estará pronto
em Copenhague", disse Stern à
Folha. "Um acordo significativo requer um compromisso
forte dos EUA. Se alguns elementos não estiverem prontos
em Copenhague, podemos resolvê-los depois."
Mas mesmo as metas que os
EUA já se propuseram a cumprir -uma redução de 3% em
suas emissões em 2020 em relação a 1990- estão longe dos
25% a 40% que a ciência diz necessários para conter uma catástrofe climática. Muitos países têm criticado a falta de ambição dos EUA, apontando-a
como maior obstáculo no caminho do novo acordo.
Segundo Stern, o compromisso final de redução americano "pode ser um pouco mais
alto ou um pouco mais baixo",
mas não será muito diferente
do que foi proposto.
"O foco em 1990 como ano-base [de redução de emissões]
não é legítimo", disse o negociador. "Nós estamos propondo
uma redução de 20% na próxima década, e de 20% da década
seguinte, e assim por diante, o
que é provavelmente comparável [ao que outros países vêm
propondo]", afirmou.
"Nós não vamos é repetir
Kyoto e ter um número que não
seja compatível com o que podemos fazer domesticamente."
O acordo anterior, que Stern
(então no governo Clinton)
ajudou a negociar, foi rejeitado
por unanimidade pelo Senado
dos EUA anos antes de George
W. Bush rechaçá-lo.
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