São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2010

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Nobel de Química premia três "cupidos do carbono"

Japoneses e americano criam técnica que monta supercadeia do elemento

Estudos nos anos 1960 facilitaram produção de moléculas complexas e inspiram novo fármaco para combater câncer

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

O Nobel de Química de 2010 premiou três cientistas que são uma espécie de cupidos moleculares, criando métodos que facilitam a ligação entre átomos de carbono.
As técnicas, já largamente usadas nas indústrias química e farmacêutica, são uma das grandes apostas para sintetizar substâncias que possam combater o câncer.
O americano Richard Heck, 79, e os japoneses Ei-ichi Negishi, 75, e Akira Suzuki, 80, não trabalham juntos, mas criaram técnicas parecidas para facilitar a formação de moléculas orgânicas complexas e extensas.
Os átomos de carbono são estáveis e não costumam reagir uns com os outros com facilidade. Os pesquisadores incentivam essas ligações usando o paládio (um tipo de metal) como catalisador.

ASSUNTO ANTIGO
O método é conhecido como "acoplamento cruzado catalisado por paládio" e foi descrito pela Real Academia Sueca de Ciência, organizadora do prêmio, como "uma das ferramentas mais avançadas da química atual".
Os cientistas já sabem como ligar átomos de carbono há quase cem anos. Em 1912, o francês Victor Grignard levou o Nobel justamente por conseguir fazer essas ligações usando magnésio.
O método, no entanto, só funcionava bem com moléculas pequenas. A reação acabava gerando subprodutos indesejáveis que, em muitos casos, inviabilizavam pesquisas extensas.
Os métodos criados por Heck, Negishi e Suzuki praticamente eliminaram esse problema e permitiram sintetizar moléculas com mais de cem átomos de carbono.
As pesquisas premiadas começaram há mais de 30 anos e, ao longo do tempo, foram sendo aperfeiçoadas. Com esse prêmio, o comitê do Nobel completa três anos consecutivos laureando pesquisas de química orgânica.
"De certa forma, pode-se dizer que era um prêmio esperado. Essas reações já têm centenas de aplicações", diz Jairton Dupont, do Laboratório de Catálise Molecular da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
O comitê destacou também outros usos promissores da técnica, como a síntese do discodermolídeo, que pode combater o câncer.
A substância é produzida por um tipo de esponja do Caribe, mas em pouquíssima quantidade. Cientistas já conseguiram recriá-la em laboratório, mas ainda não houve testes de sua eficácia.


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