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Nobel de Química premia três "cupidos do carbono"
Japoneses e americano criam técnica que monta supercadeia do elemento
Estudos nos anos 1960
facilitaram produção de
moléculas complexas e
inspiram novo fármaco
para combater câncer
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
O Nobel de Química de
2010 premiou três cientistas
que são uma espécie de cupidos moleculares, criando
métodos que facilitam a ligação entre átomos de carbono.
As técnicas, já largamente
usadas nas indústrias química e farmacêutica, são uma
das grandes apostas para
sintetizar substâncias que
possam combater o câncer.
O americano Richard
Heck, 79, e os japoneses Ei-ichi Negishi, 75, e Akira Suzuki, 80, não trabalham juntos, mas criaram técnicas parecidas para facilitar a formação de moléculas orgânicas
complexas e extensas.
Os átomos de carbono são
estáveis e não costumam reagir uns com os outros com facilidade. Os pesquisadores
incentivam essas ligações
usando o paládio (um tipo de
metal) como catalisador.
ASSUNTO ANTIGO
O método é conhecido como "acoplamento cruzado
catalisado por paládio" e foi
descrito pela Real Academia
Sueca de Ciência, organizadora do prêmio, como "uma
das ferramentas mais avançadas da química atual".
Os cientistas já sabem como ligar átomos de carbono
há quase cem anos. Em 1912,
o francês Victor Grignard levou o Nobel justamente por
conseguir fazer essas ligações usando magnésio.
O método, no entanto, só
funcionava bem com moléculas pequenas. A reação
acabava gerando subprodutos indesejáveis que, em muitos casos, inviabilizavam
pesquisas extensas.
Os métodos criados por
Heck, Negishi e Suzuki praticamente eliminaram esse
problema e permitiram sintetizar moléculas com mais de
cem átomos de carbono.
As pesquisas premiadas
começaram há mais de 30
anos e, ao longo do tempo,
foram sendo aperfeiçoadas.
Com esse prêmio, o comitê
do Nobel completa três anos
consecutivos laureando pesquisas de química orgânica.
"De certa forma, pode-se
dizer que era um prêmio esperado. Essas reações já têm
centenas de aplicações", diz
Jairton Dupont, do Laboratório de Catálise Molecular da
UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
O comitê destacou também outros usos promissores
da técnica, como a síntese do
discodermolídeo, que pode
combater o câncer.
A substância é produzida
por um tipo de esponja do
Caribe, mas em pouquíssima
quantidade. Cientistas já
conseguiram recriá-la em laboratório, mas ainda não
houve testes de sua eficácia.
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