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Microalga de esgoto pode virar biodiesel
Técnica de estudante de graduação é barata e produz óleo com qualidade dos vegetais
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Pode-se dizer que a tecnologia desenvolvida pelo engenheiro ambiental Aderlânio da Silva Cardoso, da Universidade Federal de Tocantins, é duplamente verde:
além de desembocar num
combustível renovável, ela
ainda aproveita resíduos
que, sem esse uso, seriam
simplesmente descartados.
Quando ainda era estudante de graduação, ele conseguiu produzir biodiesel a
partir de algas usadas para
tratar esgoto numa estação
da cidade de Palmas. Elas seriam lançadas num córrego
nas proximidades.
A ideia lhe rendeu o 3º lugar numa das categorias do
prêmio Jovem Cientista, um
dos mais importantes do país
na área, e R$ 7.000 no bolso.
As microalgas são produtoras de lipídeos (moléculas
de gorduras), substâncias comumente utilizadas na obtenção de biodiesel. "Ao todo, 16% da composição dessas algas é óleo", conta.
Disso, já se sabia. Mas o
processo de extração do óleo
dessas algas microscópicas
foi uma novidade.
Elas foram coletadas e
submetidas a uma mistura
de solventes orgânicos para
que o seu óleo se separasse.
O que resta de água é evaporado e, então, o biodiesel pode ser produzido.
O processo ficou bem mais
barato do que aqueles que
precisam cultivar as microalgas e necessitam de equipamentos como centrifugadoras, tanques e reatores para
produzir o biodiesel.
"Há pouca literatura nacional, e a maioria das hipóteses pesquisadas teve o uso
de metodologias estrangeiras para produzir biodiesel
de algas", explica Cardoso.
QUALIDADE VEGETAL
Além de mais barato, e de
usar aquilo que seria jogado
fora, o biodiesel das microalgas é uma alternativa ao óleo
vegetal. Atualmente, 80% da
produção brasileira de biodiesel vêm do óleo de soja
(cuja demanda é grande e
cresce 3,6% ao ano).
A qualidade do óleo das algas para produção de combustível, para Cardoso, é semelhante à dos vegetais.
"Ainda é possível obter outros produtos, como o etanol,
biogás e hidrogênio, a partir
dessas microalgas", afirma o
engenheiro ambiental. Ele
seguiu com essa linha de pesquisa no mestrado.
"Meu trabalho é uma oportunidade de mostrar que na
região Norte temos bons pesquisadores, professores e
instituições", diz Cardoso.
O prêmio será entregue a
ele e aos demais contemplados no dia 17 de novembro.
Depois disso, o pesquisador
espera que alguma empresa
se anime a trazer sua ideia
para o mercado.
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