São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

Texto Anterior | Índice

Crocodilo-tatu pré-histórico viveu em SP

Paleontólogos fizeram reconstituição de animal de 90 milhões de anos, que deveria pesar 120 quilos

Bruno Domingos/Reuters
Jardim Botânico do Rio expõe
réplica do fóssil até setembro


FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Um réptil pré-histórico da família dos crocodilos -mas com uma inusitada carapaça, similar à de um tatu- habitou o Brasil há 90 milhões de anos. Os descobridores da espécie revelaram seu trabalho ontem, apresentando uma reconstituição do animal no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
O animal foi batizado com o nome científico Armadillosuchus arrudai. O primeiro nome, que designa o gênero do bicho, significa crocodilo-tatu. O segundo, que se refere à espécie, é uma homenagem a João Tadeu Arruda, 59, professor de ciências que faz pesquisas por conta própria e achou restos do animal em General Salgado, no interior paulista, em 2005.
Segundo os cientistas, o Armadillosuchus habitava também áreas do Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
A caracterização científica do animal foi feita pelo geólogo Ismar de Souza Carvalho e pelo paleontólogo Thiago Marinho, ambos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). O réptil, dizem, tinha dois metros de comprimento, pesava 120 kg, e guardava hábitos bem diferentes dos crocodilos atuais. "Crocodilos sempre foram associados a lugares úmidos, mas essa espécie vivia em um ambiente árido", diz Carvalho.
A carapaça servia para proteger o animal tanto das variações climáticas como dos ataques de predadores. E os estudos indicam que ele sabia mesmo escavar, como um tatu, e comia raízes de árvores e outros vegetais. O Armadillosuchus viveu no período Cretáceo, quando a temperatura diurna chegava a 45C.
Segundo Carvalho, é provável que a extinção do animal esteja ligada a uma mudança climática que resfriou seu habitat. Apesar de ser similar aos crocodilos, não existem descendentes vivos do animal hoje.
Arruda diz que achou o fóssil por dica de um aluno que lhe levara um osso. "Pedi para ele me mostrar onde tinha achado, e encontramos vários outros", diz. "Notei a diferença [em relação a fósseis mais comuns] e pensei: "esse é horroroso"."
Um estudo sobre o animal foi publicado no "Journal of South American Earth Sciences".


Texto Anterior: Para entidade, melhor controle é "olho vigilante de cientistas"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.