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Intrigas com colegas marcaram a carreira de Robert Trivers
DE SÃO PAULO
Professores da própria
Universidade Harvard não
gostaram, nos anos 1970, das
ideias de Trivers sobre comportamento humano.
Cientistas sociais acharam
(e acham) que se tratava de
"determinismo biológico".
"Quando era doutorando,
achava que em 20 anos ninguém mais ia falar que tudo
era construção social. Mas já
faz 40 e veja se eles mudaram!", diz Trivers.
Mesmo biólogos importantes de Harvard, notoriamente a dupla Stephen Jay
Gould e Richard Lewontin,
opuseram-se a ele. Trivers e
eles trocavam farpas.
Quando Gould, por exemplo, disse que o orgasmo feminino estava ali por acaso
(um rescaldo evolutivo inútil, como os mamilos masculinos), Trivers respondeu que
isso mostrava "o quanto Stephen deve conhecer de perto
esse evento abençoado".
Já Lewontin, o mais velho
dos três, era cobra criada
quando Trivers publicou
seus primeiros trabalhos. Alguns anos após ele terminar
o doutorado, Lewontin conseguiu afastá-lo de Harvard
(ao menos essa é a versão de
Trivers), em 1978. Trivers foi
trabalhar longe dali.
Quase 30 anos depois, em
2005, viu que, ao menos entre os biólogos, o jogo tinha
virado. Foi convidado a voltar a Harvard para dar aulas.
"Foi como matar aqueles filhos da p. e roubar a juventude deles", disse, adepto dos
palavrões que é, sobre seus
velhos colegas.
Trivers é do tipo que briga
com alguma facilidade. Certa
vez, na Jamaica, ficou dez
dias preso após uma briga
decorrente de uma discórdia
sobre uma conta de hotel.
"Eu acho que os organismos precisam de certo feedback físico às vezes", disse.
Brigando ou não, sua tentativa de conquistar a juventude parece ter funcionado.
Toda uma área de pesquisa,
que passa pela obra "O Gene
Egoísta", de 1976, que apresentou Richard Dawkins ao
mundo, e chega aos livros do
próprio Steven Pinker, baseia-se nos seus estudos.
(RM)
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