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Prêmio reflete hegemonia de bioquímicos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Marie Curie, a primeira
mulher a ganhar o Nobel de
química, recebeu o prêmio,
em 1911, porque tinha descoberto os elementos rádio e
polônio. Nada poderia ter
mais cara de química não-aplicada do que isso. Já Ada
Yonath, uma das vencedoras
neste ano, leva a láurea para
casa por causa do seu trabalho com ribossomos -algo
na fronteira com a biologia.
E ela não é exceção. Em
2008, 2006, 2005 e 2004 os
prêmios também foram concedidos a pesquisadores que
trabalhavam com temas da
bioquímica. Estaria o Nobel
de química virando um Nobel de biologia?
"Para estudar biologia, você precisa de química. É cada
vez mais difícil separar a
ciência em áreas específicas", disse à Folha Thomas
Steitz, um dos ganhadores
do prêmio desse ano.
Outra coisa a se considerar: a biologia molecular, em
especial, está atingindo a
maturidade só agora. Ela relaciona a bioquímica com a
genética. "É uma área que
está no auge do seu desenvolvimento", diz Nilson Zanchin, biólogo do Laboratório
Nacional de Luz Síncrotron.
"Eu acho que existiram várias fases. Houve uma fase
áurea da física, uma da química... A biologia, por não ser
exata, foi ficando para trás,
porque existia uma maior dificuldade para usar o método
científico." Para os especialistas, ainda há muito a descobrir na área. "Penso que
esse ritmo vai ser mantido
nos próximos 20 anos. Há a
questão do envelhecimento,
da morte celular, da terapia
celular, só para citar alguns",
diz Zanchin.
(RM)
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