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TECNOLOGIA
Novo aparelho pode aperfeiçoar técnicas de imageamento médico, comunicação sem fio e estudos astronômicos
Italianos acham "Santo Graal" dos lasers
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de cientistas na Itália
diz ter desenvolvido um raio laser
que pode ser encarado como uma
das últimas fronteiras dessa tecnologia. Com o equipamento, eles
acreditam ser capazes de revolucionar desde as técnicas de imageamento para uso médico até a
comunicação sem fio de curta distância, culminando em aplicações
para pesquisa astronômica.
"Nosso laser é o primeiro protótipo", diz Alessandro Tredicucci,
da Universidade de Pisa. "Agora
mesmo ele poderia ser usado para
aplicações científicas muito especiais, como em astronomia, ou
para pesquisas de laboratório."
O pulo do gato é que o feixe de
luz que emana do sistema italiano
pertence a uma frequência do espectro eletromagnético que vai de
0,3 terahertz a 30 terahertz. Para um leigo, o número pode não parecer
impressionante. Mas os únicos sistemas feitos anteriormente capazes de chegar perto desse resultado eram grandes, desajeitados e, sobretudo, muito caros.
Olhando por esse ângulo, o estudo dos italianos pode ser comparado à busca pelo Santo Graal - o cálice que Jesus teria usado
na última ceia com seus apóstolos, uma das relíquias cristãs mais
procuradas de todos os tempos. A
diferença é que, no caso do laser, a
busca parece estar caminhando.
Tredicucci já trabalha no equipamento, descrito na edição de
hoje da revista científica "Nature"
(www.nature.com), desde 1999.
O objetivo, agora, é torná-lo operacional em temperaturas mais
próximas da ambiente. Atualmente, o sistema é criogênico
(precisa estar a no máximo
-223C para funcionar). "Já estamos trabalhando para melhorar o
acondicionamento e a montagem
do laser a fim de obter temperaturas de operação mais altas", afirma. "Esperamos atingir essa marca de 80 K [-193C] bem rápido."
Outros aprimoramentos também estão sendo projetados pela
equipe, para melhorar o design
microscópico do laser. "Queremos torná-lo menos sensível à
temperatura e buscar uma operação contínua. Estamos muito perto de atingir esta última."
Raio-X inofensivo
Seria uma grande vantagem
usar essa frequência de luz em vez
dos tradicionais raios X para obter imagens médicas, diz o italiano. "As ondas de terahertz podem dar informação complementar ao
raio-X convencional, já que podem ser configuradas para ser
sensíveis a tecidos moles específicos, como músculos, vias sanguíneas, gordura e nervos", afirma.
Além disso, as ondas de terahertz não danificam a saúde humana como os poderosos raios X, tornando viável seu uso regular
para monitoramento médico.
"Em comunicações sem fio, ondas de THz são interessantes porque os materiais de construção são razoavelmente transparentes
para elas. Entretanto, elas não podem ser usadas em distâncias
muito longas, por causa da absorção atmosférica", diz Tredicucci.
Já os astrônomos poderiam se
valer dos raios para estudar a
composição do pó interestelar.
"Atualmente eles têm de confiar
em volumosos sistemas bombeados por laser de gás carbônico de
alta potência. Eles são grandes,
pesados e consomem muita energia", afirma o italiano. "A possibilidade de utilizar um laser com tamanho milimétrico no lugar deles
é bastante atrativa, como você
bem pode adivinhar."
(SALVADOR NOGUEIRA)
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