São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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TECNOLOGIA

Novo sensor pode dar a robô sensibilidade do tato humano

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os robôs já têm hoje mãos e braços poderosos, com bem mais força que os de uma pessoa. Em breve poderão ter também dedos tão sensíveis como os humanos, graças ao trabalho de uma dupla de cientistas nos EUA.
Vivek Maheswari e Ravi Saraf, da Universidade de Nebraska, produziram um sensor eletrônico com a mesma capacidade de tato de um dedo humano. Os dois descrevem o trabalho na edição de hoje da revista científica "Science". Ainda está longe a criação da bela heroína-robô do livro e filme "Blade Runner". Mas algo parecido com a pele da ponta dos seus dedos já é realidade.
Um dos objetivos da pesquisa é o uso de robôs em cirurgias minimamente invasivas, com cortes pequenos. Um médico consegue, usando o tato, identificar tumores ou pedras na vesícula. Para que um cirurgião-robô faça isso, seus dedos precisam ter o mesmo grau de sensibilidade que um dedo humano.
Há várias linhas de pesquisa sobre microssensores de tato, usando componentes deformáveis ou microeletromecânicos. A dupla de Nebraska optou por uma estratégia diferente. Eles criaram um filme finíssimo usando camadas de diferentes materiais, como ouro, polímeros e sulfeto de cádmio.
O filme tem a propriedade de ser "eletroluminescente", isto é, capaz de detectar mudanças sutis de pressão e emitir luz na mesma proporção da força sentida. A luz pode, então, ser captada por uma câmera digital e transformada em uma imagem.
Maheswari e Saraf criaram um sensor com 2,5 centímetros quadrados e o testaram com uma moeda americana de um centavo, com a efígie do presidente Lincoln -também o nome da cidade que sedia sua universidade.
O sensor passou no teste. Conseguiu produzir uma imagem nítida das letras "ty" da palavra "liberty", além de detalhes da efígie.
O sensor "poderá se provar um avanço-chave na tecnologia, por razões que incluem a construção relativamente simples, uma aparente robustez, e alta resolução", afirma Richard Crowder, da Universidade de Southampton, Reino Unido, comentando a novidade.
Para Crowder, o desenvolvimento do tato em robôs é um desafio complexo, que precisa da conjugação de várias tecnologias, que incluem mecânica, eletrônica e inteligência artificial. Um robô de hoje não consegue ainda fazer algo que uma criança de seis anos faz sem pensar, como amarrar o sapato, diz ele.


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