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TECNOLOGIA
Novo sensor pode dar a robô sensibilidade do tato humano
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os robôs já têm hoje mãos
e braços poderosos, com bem
mais força que os de uma
pessoa. Em breve poderão
ter também dedos tão sensíveis como os humanos, graças ao trabalho de uma dupla
de cientistas nos EUA.
Vivek Maheswari e Ravi
Saraf, da Universidade de
Nebraska, produziram um
sensor eletrônico com a mesma capacidade de tato de um
dedo humano. Os dois descrevem o trabalho na edição
de hoje da revista científica
"Science". Ainda está longe a
criação da bela heroína-robô
do livro e filme "Blade Runner". Mas algo parecido com
a pele da ponta dos seus dedos já é realidade.
Um dos objetivos da pesquisa é o uso de robôs em cirurgias minimamente invasivas, com cortes pequenos.
Um médico consegue, usando o tato, identificar tumores
ou pedras na vesícula. Para
que um cirurgião-robô faça
isso, seus dedos precisam ter
o mesmo grau de sensibilidade que um dedo humano.
Há várias linhas de pesquisa sobre microssensores de
tato, usando componentes
deformáveis ou microeletromecânicos. A dupla de Nebraska optou por uma estratégia diferente. Eles criaram
um filme finíssimo usando
camadas de diferentes materiais, como ouro, polímeros e
sulfeto de cádmio.
O filme tem a propriedade
de ser "eletroluminescente",
isto é, capaz de detectar mudanças sutis de pressão e
emitir luz na mesma proporção da força sentida. A luz
pode, então, ser captada por
uma câmera digital e transformada em uma imagem.
Maheswari e Saraf criaram
um sensor com 2,5 centímetros quadrados e o testaram
com uma moeda americana
de um centavo, com a efígie
do presidente Lincoln
-também o nome da cidade
que sedia sua universidade.
O sensor passou no teste.
Conseguiu produzir uma
imagem nítida das letras "ty"
da palavra "liberty", além de
detalhes da efígie.
O sensor "poderá se provar
um avanço-chave na tecnologia, por razões que incluem
a construção relativamente
simples, uma aparente robustez, e alta resolução",
afirma Richard Crowder, da
Universidade de Southampton, Reino Unido, comentando a novidade.
Para Crowder, o desenvolvimento do tato em robôs é
um desafio complexo, que
precisa da conjugação de várias tecnologias, que incluem
mecânica, eletrônica e inteligência artificial. Um robô de
hoje não consegue ainda fazer algo que uma criança de
seis anos faz sem pensar, como amarrar o sapato, diz ele.
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