São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011
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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo. "Tecnologia nuclear não é apenas energia", diz novo chefe da Cnen Para especialista, Dilma decidirá sobre novas usinas nucleares
CLAUDIA ANTUNES ![]() FOLHA - O sr. toma posse quando se questiona do futuro da energia nuclear. O governo não decidiu se fará novas usinas além de Angra 3. Como vê esse debate? Angelo Padilha - Sempre que acontece um acidente das proporções de Fukushima, é horrível para a população local e, para os programas nucleares, é uma oportunidade de reavaliação. Os engenheiros trabalham nas causas e nas soluções. Já aconteceu depois de Three Mile Island (1979, EUA), de Tchernobil (1986, Ucrânia). É natural. Qual é a sua posição? A parte de geração de energia é do Ministério de Minas e Energia. A decisão não tem a ver diretamente com a Cnen. Por coincidência e também por sorte, uma das maiores especialistas em energia do mundo é a presidente Dilma Rousseff. A decisão de quantos novos reatores teremos ou não está em boas mãos. O acidente justifica um recuo? Já temos algumas decisões. Tem a da Alemanha [de desativar suas usinas em prazo de 11 anos], que é predominantemente política e não técnica. Outros países, como a China, estão mantendo. O Brasil está numa situação confortável porque nossa matriz energética permite várias outras alternativas. A presidente já se manifestou sobre isso, falou em construir novas hidrelétricas. A decisão poderá ter consequências para atividades em que a Cnen tem peso, como a produção de combustível nuclear, a exploração das minas de urânio. A tecnologia nuclear não é só produção de energia, que no Brasil é proporcionalmente pequena. Tem a área de radioisótopos. Cerca de 3 milhões de brasileiros se beneficiam de radioisótopos por ano, produzidos na Cnen. A Cnen tem atividades de fiscalização e licenciamento, que continuam. A Cnen explora os minerais nucleares, como urânio, tório, terras raras. Isso também continua. Para o reator multipropósito, que produzirá radioisótopos [usados em exames de imagem], há a intenção de fazer um projeto com a Argentina. A implantação do reator multipropósito brasileiro é a prioridade do MCT [Ministério de Ciência e Tecnologia]. E a parceria com a Argentina? O acordo com a Argentina não é em função da nossa incapacidade técnica. Quem coordenou o projeto do reator para o submarino é o mesmo coordenador do reator multipropósito, que é o engenheiro José Augusto Perrota [diretor de projetos especiais do Instituto de Pesquisas Nucleares e Energéticas]. Vamos somar experiências. Na área nuclear temos uma interação muito boa com a Argentina. Não é um jogo São Paulo x Boca Juniors. Existe a proposta de divisão da Cnen, em que a atividade de fiscalizar e regular iria para uma agência, deixando a Cnen só com pesquisa e desenvolvimento. Qual a sua posição? A criação da agência reguladora nuclear é um consenso na comunidade científica. Diria é irreversível, necessária. Nós já temos um projeto inicial, que considero razoável. Ele foi entregue ao MCT, e já começou a receber críticas e sugestões. Preciso coletar essas sugestões, fazer uma nova proposta, que deve ser discutida novamente, para termos um projeto bom. O sr. então é a favor? A Cnen perderá atribuições... Sou a favor. O que interessa é que o país ganha, não se o poder do presidente da Cnen aumenta ou diminui. FOLHA.com Confira a íntegra em www.folha.com.br/ci941143 Texto Anterior: Último ônibus espacial da Nasa decola com sucesso Próximo Texto: Raio-X: Angelo Padilha Índice | Comunicar Erros |
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