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CIÊNCIA
Sistema Solar teve
planetas "empurrados"
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
Os planetas Netuno e Urano
originariamente estavam bem
mais próximos do Sol, mas foram
"empurrados" por Júpiter e Saturno para órbitas mais distantes,
como em um enorme jogo de bilhar cósmico.
Essa teoria, apresentada por
pesquisadores do Canadá e dos
EUA, foi baseada em simulações
feitas em computador do momento de formação dos planetas
do Sistema Solar.
O modelo mostra que os quatro
planetas, durante seus processos
de formação, estavam próximos
uns dos outros e que, graças principalmente à força da gravidade
de Júpiter, terminaram tendo de
se formar em outro local.
Essa formação teria acontecido
a uma distância entre 5 a 10 UA
(unidades astronômicas) do Sol
-1 UA é a distância média entre
o Sol e a Terra. Urano está a 19
unidades astronômicas do Sol;
Netuno, a 30 UA de distância.
Júpiter e Saturno são conhecidos como os "gigantes gasosos",
pois possuem um pequeno núcleo rochoso rodeado por uma
grande atmosfera de hidrogênio e
hélio. Netuno e Urano são os "gigantes de gelo", com uma pequena atmosfera e um grande manto
de gelo em torno do núcleo.
Os planetas, inclusive a Terra, se
formaram por meio da aglomeração de partículas existentes em
uma nebulosa -um disco de gás
e poeira- que rodeava o Sol nos
primórdios do sistema, há cerca
de 4,5 bilhões de anos. O processo
é chamado "acreção".
A nova teoria ajuda a resolver
uma dúvida antiga que os astrônomos têm sobre Urano e Netuno: de onde veio a matéria-prima
da qual eles são formados?
Esses dois planetas estão em
uma região remota, na qual a densidade de gás e partículas seria pequena, insuficiente para realizar a
"acreção". Mas na região próxima
a Júpiter e Saturno haveria densidade suficiente para os formar,
antes de eles serem "chutados"
para mais longe.
A simulação foi relatada em artigo na revista científica "Nature"
de hoje, pelos pesquisadores Edward Thommes e Martin Duncan, da Queen's University, de
Kingston, Canadá, e Harold Levison, do Southwest Research Institute, de Boulder, Colorado, nos
Estados Unidos.
Um outro artigo publicado na
mesma edição da revista dá mais
apoio à teoria. Philip Armitage e
Brad Hansen, da Universidade de
Toronto, Canadá, fizeram outra
simulação computacional sobre a
formação de planetas gigantes no
disco de gás e poeira em torno de
uma estrela jovem.
Eles mostraram que, assim que
um planeta com dimensões parecidas com as de Júpiter é formado, ele serve de "gatilho" para a
formação de outros em torno. Recentemente, foram encontrados
planetas semelhantes na órbita de
outras estrelas.
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