São Paulo, Quinta-feira, 09 de Dezembro de 1999


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CIÊNCIA
Sistema Solar teve planetas "empurrados"

RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha

Os planetas Netuno e Urano originariamente estavam bem mais próximos do Sol, mas foram "empurrados" por Júpiter e Saturno para órbitas mais distantes, como em um enorme jogo de bilhar cósmico.
Essa teoria, apresentada por pesquisadores do Canadá e dos EUA, foi baseada em simulações feitas em computador do momento de formação dos planetas do Sistema Solar.
O modelo mostra que os quatro planetas, durante seus processos de formação, estavam próximos uns dos outros e que, graças principalmente à força da gravidade de Júpiter, terminaram tendo de se formar em outro local.
Essa formação teria acontecido a uma distância entre 5 a 10 UA (unidades astronômicas) do Sol -1 UA é a distância média entre o Sol e a Terra. Urano está a 19 unidades astronômicas do Sol; Netuno, a 30 UA de distância.
Júpiter e Saturno são conhecidos como os "gigantes gasosos", pois possuem um pequeno núcleo rochoso rodeado por uma grande atmosfera de hidrogênio e hélio. Netuno e Urano são os "gigantes de gelo", com uma pequena atmosfera e um grande manto de gelo em torno do núcleo.
Os planetas, inclusive a Terra, se formaram por meio da aglomeração de partículas existentes em uma nebulosa -um disco de gás e poeira- que rodeava o Sol nos primórdios do sistema, há cerca de 4,5 bilhões de anos. O processo é chamado "acreção".
A nova teoria ajuda a resolver uma dúvida antiga que os astrônomos têm sobre Urano e Netuno: de onde veio a matéria-prima da qual eles são formados?
Esses dois planetas estão em uma região remota, na qual a densidade de gás e partículas seria pequena, insuficiente para realizar a "acreção". Mas na região próxima a Júpiter e Saturno haveria densidade suficiente para os formar, antes de eles serem "chutados" para mais longe.
A simulação foi relatada em artigo na revista científica "Nature" de hoje, pelos pesquisadores Edward Thommes e Martin Duncan, da Queen's University, de Kingston, Canadá, e Harold Levison, do Southwest Research Institute, de Boulder, Colorado, nos Estados Unidos.
Um outro artigo publicado na mesma edição da revista dá mais apoio à teoria. Philip Armitage e Brad Hansen, da Universidade de Toronto, Canadá, fizeram outra simulação computacional sobre a formação de planetas gigantes no disco de gás e poeira em torno de uma estrela jovem.
Eles mostraram que, assim que um planeta com dimensões parecidas com as de Júpiter é formado, ele serve de "gatilho" para a formação de outros em torno. Recentemente, foram encontrados planetas semelhantes na órbita de outras estrelas.


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