São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Herbicida mostra efeito contra a toxoplasmose

Teste com camundongos revela droga potencial

Jennifer Gordon e Wandy Beatty
Imagem mostra conjunto de protozoários Toxoplasma (em azul); estudo mostra como esses parasitas se comunicam


DA REPORTAGEM LOCAL

Um parasita de apenas uma célula, comum em gatos, usa um mecanismo causador de doença que antes só havia sido visto em plantas e seres marinhos primitivos, como esponjas. Deu a louca na bioquímica? Parece que sim, pois foi possível aos cientistas tratar camundongos infectados com o parasita usando um herbicida.
O protozoário Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose, se hospeda principalmente no gato, mas pode infectar outros animais, incluindo os humanos. A toxoplasmose, porém, é grave apenas para pessoas com sistema de defesa debilitado ou para fetos.
A equipe de David Sibley, da Universidade Washington, em Saint Louis (EUA), mostrou como funciona o mecanismo usado pelo parasita para produzir o ácido abscísico, um hormônio vegetal que é fundamental para seu desenvolvimento e sua replicação. Como o herbicida fluridone bloqueia a ação desse hormônio em plantas, os cientistas resolveram testá-lo em camundongos infectados.
"Tratamento com fluridone reduziu o nível do ácido abscísico nos parasitas mais do que quatro vezes", escreveram Sibley e colegas em artigo na revista "Nature". "Surpreendentemente, o tratamento com fluridone não bloqueou a invasão ou replicação, mas sim inibiu a saída de parasitas maduros da célula infectada", afirmaram os pesquisadores. O herbicida foi capaz de evitar infecções potencialmente letais, além de diminuir o total de parasitas.
Os autores do estudo lembraram que o fluridone tem baixa toxicidade para células de mamíferos, já que o mecanismo bioquímico ligado ao ácido abscísico inexiste nelas. "Nossos resultados, combinados com uma patente prévia indicando que ele também é eficaz contra a malária, sugerem que essa seletividade poderá ser explorada para o desenvolvimento de drogas", concluem os cientistas. (RICARDO BONALUME NETO)


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