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Primo "bruto" da humanidade também tinha dieta variada
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo publicado hoje
questiona a teoria de que uma
dieta variada foi o que garantiu
o sucesso dos ancestrais do Homo sapiens em seus primeiros
milhões de anos. A descoberta
é do grupo do antropólogo
Matt Sponheimer, da Universidade do Colorado, que estudou
dentes fósseis de Paranthropus
robustus. Ele mostrou que esses hominídeos primitivos, que
não são ancestrais diretos da
humanidade, também também
diversificavam o cardápio.
Segundo a teoria mais aceita
hoje, o Paranthropus, que surgiu há 2 milhões de anos, se extinguiu 800 mil anos depois
durante grandes secas, quando
raízes e arbustos que comia escassearam. Já o Homo erectus,
da linhagem humana, pôde variar sua alimentação devido à
sua maior inteligência, que lhe
permitia usar ferramentas.
Mas Sponheimer mostra hoje em estudo na revista "Science" que a história não foi bem
assim. Ao analisar isótopos (variações do mesmo átomo) de
carbono na composição de
dentes de Paranthropus, ele viu
que esse pequeno hominídeo
cabeçudo e de mandíbula forte
era capaz de comer sementes
duras e talvez até carne.
O estudo foi possível porque
plantas distintas mostram preferência por absorver isótopos
de carbono diferentes. Como o
carbono que nos compõe vem
de nosso alimento, nossos ossos registram o que comemos.
E, pelo visto, o paladar do Paranthropus era tão sofisticado
quanto o de nossos ancestrais.
"O Paranthropus pode ter tido acesso a frutos secos duros
apenas com seus dentes, enquanto os Homo precisavam de
ferramentas", disse Sponheimer à Folha. Será preciso agora outra explicação para o sucesso dos humanos frente a outros hominídeos. "Pode ser que
os Homo tenham achado um
meio de aumentar sua taxa de
reprodução ou, se vivessem em
grupos sociais grandes, podem
ter criado problema para os Paranthropus em conflitos."
Para Sponheimer, seu estudo
sugere que a adaptabilidade alimentar em si pode não ter sido
o grande diferencial humano.
"A disparidade de inteligência
pode ter sido mais importante
do que se imaginava."
Leia o estudo sobre o P. robustus www.sciencemag.org
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