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MEDICINA
Injeções mensais foram capazes de conter reação à leguminosa, que afeta cerca de 2% das crianças e pode matar
Nova droga combate alergia a amendoim
DA REDAÇÃO
A alergia ao amendoim pode se
tornar coisa do passado para milhões de pessoas, afirmam pesquisadores dos EUA. Eles desenvolveram um tratamento experimental que conseguiu, pela primeira vez, bloquear as reações
potencialmente fatais que alguns
indivíduos têm à leguminosa.
A reação ao amendoim é uma
das alergias alimentares mais comuns. Uma em cada 50 crianças e
1 em cada 200 adultos são alérgicos à leguminosa. A ingestão de
quantidades ínfimas do alimento
-em alguns casos, até beijar alguém que comeu amendoim-
basta para desencadear a alergia.
O novo tratamento, apresentado nesta semana na revista médica "The New England Journal of
Medicine" (www.nejm.org), consiste em injeções mensais da droga TNX-901, que bloqueia os sinais químicos responsáveis pela
reação no organismo. Segundo o
coordenador do estudo, Hugh
Sampson, o princípio do tratamento deve ser aplicável a outros
tipos de alergia -a ácaros e castanhas-do-pará, por exemplo.
As injeções não são a cura, advertem os pesquisadores. Mas
eles acreditam que a droga evitará
complicações em quem ingere
amendoins acidentalmente.
"Basicamente, nós não veríamos gente no pronto-socorro ou
no necrotério devido a acidentes
com amendoim", disse Allan
Bock, alergista de Boulder, no Estado americano do Colorado. Só
nos EUA, cem pessoas morrem
todo ano de choque anafilático
após exposição à leguminosa.
"Isso vai permitir aos pacientes
parar de se preocupar com a sua
comida", disse Sampson, pesquisador da Escola Médica Mount Sinai, em Nova York.
O novo tratamento, no entanto,
ainda está longe de chegar ao
mercado. A rodada final dos testes clínicos, conhecida no jargão
médico como fase 3, foi suspensa
por causa de uma disputa judicial
entre as três companhias que detêm direitos sobre a droga.
O medicamento contra alergia a
amendoim foi desenhado para
capturar a imunoglobulina-E, ou
IgE, uma molécula que desempenha um papel fundamental nas
alergias e na asma.
Num estudo, 84 pessoas com
reação alérgica imediata a amendoim tomaram injeções mensais
de placebo (substância inócua) ou
de doses variadas da TNX-901 durante quatro meses.
Os pacientes que receberam as
maiores doses da droga puderam
ingerir o equivalente a nove
amendoins no final do tratamento sem desenvolver reação -contra meio amendoim no começo
do período. Cinco deles conseguiram comer até 24 amendoins sem
ter alergia. "É uma quantidade
impressionante", disse Sampson.
Todos os pacientes ficaram protegidos contra quantidades muito
pequenas de amendoim que podem estar presentes no ar.
Uma disputa entre a Genetech,
a Tanox e a Novartis, empresas
que detêm a patente da droga, está atrasando os testes clínicos finais. Mesmo que eles comecem
imediatamente, a TNX-901 ainda
deve demorar de três a quatro
anos para chegar ao mercado.
Com agências internacionais
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