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ASTRONOMIA
Agrupamento de Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno ajuda a ver plano de suas órbitas em torno do Sol
Alinhamento planetário atinge seu ápice
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de segunda-feira, a Terra e mais cinco planetas estarão
dispostos praticamente em uma
uma linha reta, que atravessa de
um lado a outro o Sistema Solar.
O resultado é uma oportunidade
rara para os apreciadores do céu
noturno em qualquer lugar do
país de facilmente localizar, em
uma pequena faixa do firmamento, os únicos planetas que a humanidade conhecia antes do surgimento do telescópio.
A proximidade máxima deve
durar por mais dois ou três dias,
até que os planetas comecem a se
afastar uns dos outros no céu, seguindo o caminho traçado por
suas órbitas em torno do Sol.
Mesmo assim, eles ainda estarão
quase todos visíveis.
O fenômeno de aproximação e
afastamento do planetas é mais
ilusório do que real -eles continuam nas mesmas órbitas e nenhum está perto de se chocar com
outro. Por uma questão de perspectiva, eles só parecem estar juntos no céu quando vistos da Terra.
Não se trata, portanto, de uma
ocasião especial para os astrônomos e seus estudos. É o caso, na
verdade, de aproveitar a deixa para aprender um pouco mais sobre
a configuração e os principais
componentes do Sistema Solar.
"O legal do alinhamento é que
você vê a eclíptica -a linha que
representa o plano das órbitas dos
planetas do Sistema Solar- desenhada no céu pelos planetas", diz
Amâncio Friaça, astrônomo do
IAG (Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP, em São Paulo.
Não é um evento para ser visto
com telescópios ou binóculos. Os
observatórios no país tampouco
oferecerão suas lentes aos aficionados. "Não adianta ver do observatório", diz Marcomede Rangel,
físico do Observatório Nacional e
diretor do Clube de Astronomia
do Rio de Janeiro. "Bonito é observar a olho nu, como faziam os
antigos, pois os planetas estarão
quase em linha reta."
Segundo Friaça, o ideal é fugir
da luz das grandes cidades, não só
pela poluição luminosa, mas pela
necessidade de ver o horizonte
-a ação vai ocorrer bem perto do
chão, onde o Sol se põe (oeste).
A ocasião também deve ser boa
para fotografias. "Quem quiser
fotografar precisará usar uma câmera que permita a regulagem do
tempo de abertura do obturador e
deixá-lo aberto de 30 segundos a
um minuto", diz Mariângela
Abans, do Laboratório Nacional
de Astrofísica, em Itajubá (MG).
Para essa situação, ela recomenda
filmes de ASA 400.
O alinhamento conta com Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno de um lado do sistema e a
Terra do outro. Em maio de 2000,
houve um outro alinhamento planetário semelhante, mas os planetas estavam no céu durante o dia e
eram ofuscados pela luz solar.
Desta vez, tudo ocorre logo após o
entardecer (por volta das 18h30).
O primeiro a fugir da dança é
Mercúrio, que ganhou o nome do
veloz deus mensageiro dos romanos justamente por acompanhar
o Sol em sua descida. Ele estará no
horizonte por volta das 18h15 e,
como é muito pequeno, será muito difícil enxergá-lo.
Logo acima dele (e do horizonte) será fácil enxergar os amarelados Saturno e Vênus (este o mais
brilhante), e Marte, mais apagado, com seu tom vermelho. Mais
acima no céu, no fim da fila, estará
Júpiter, também amarelado.
Todo o espetáculo poderá ser
apreciado se não houver nuvens.
O próximo alinhamento só acontecerá em 2040. No site da revista
americana "Sky and Telescope"
(www.SkyandTelescope.com) é
possível obter mapas do céu de
qualquer cidade do mundo para
uma observação mais precisa.
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