São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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ASTRONOMIA

Agrupamento de Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno ajuda a ver plano de suas órbitas em torno do Sol

Alinhamento planetário atinge seu ápice

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de segunda-feira, a Terra e mais cinco planetas estarão dispostos praticamente em uma uma linha reta, que atravessa de um lado a outro o Sistema Solar. O resultado é uma oportunidade rara para os apreciadores do céu noturno em qualquer lugar do país de facilmente localizar, em uma pequena faixa do firmamento, os únicos planetas que a humanidade conhecia antes do surgimento do telescópio.
A proximidade máxima deve durar por mais dois ou três dias, até que os planetas comecem a se afastar uns dos outros no céu, seguindo o caminho traçado por suas órbitas em torno do Sol. Mesmo assim, eles ainda estarão quase todos visíveis.
O fenômeno de aproximação e afastamento do planetas é mais ilusório do que real -eles continuam nas mesmas órbitas e nenhum está perto de se chocar com outro. Por uma questão de perspectiva, eles só parecem estar juntos no céu quando vistos da Terra.
Não se trata, portanto, de uma ocasião especial para os astrônomos e seus estudos. É o caso, na verdade, de aproveitar a deixa para aprender um pouco mais sobre a configuração e os principais componentes do Sistema Solar.
"O legal do alinhamento é que você vê a eclíptica -a linha que representa o plano das órbitas dos planetas do Sistema Solar- desenhada no céu pelos planetas", diz Amâncio Friaça, astrônomo do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP, em São Paulo.
Não é um evento para ser visto com telescópios ou binóculos. Os observatórios no país tampouco oferecerão suas lentes aos aficionados. "Não adianta ver do observatório", diz Marcomede Rangel, físico do Observatório Nacional e diretor do Clube de Astronomia do Rio de Janeiro. "Bonito é observar a olho nu, como faziam os antigos, pois os planetas estarão quase em linha reta."
Segundo Friaça, o ideal é fugir da luz das grandes cidades, não só pela poluição luminosa, mas pela necessidade de ver o horizonte -a ação vai ocorrer bem perto do chão, onde o Sol se põe (oeste).
A ocasião também deve ser boa para fotografias. "Quem quiser fotografar precisará usar uma câmera que permita a regulagem do tempo de abertura do obturador e deixá-lo aberto de 30 segundos a um minuto", diz Mariângela Abans, do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Itajubá (MG). Para essa situação, ela recomenda filmes de ASA 400.
O alinhamento conta com Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno de um lado do sistema e a Terra do outro. Em maio de 2000, houve um outro alinhamento planetário semelhante, mas os planetas estavam no céu durante o dia e eram ofuscados pela luz solar. Desta vez, tudo ocorre logo após o entardecer (por volta das 18h30).
O primeiro a fugir da dança é Mercúrio, que ganhou o nome do veloz deus mensageiro dos romanos justamente por acompanhar o Sol em sua descida. Ele estará no horizonte por volta das 18h15 e, como é muito pequeno, será muito difícil enxergá-lo.
Logo acima dele (e do horizonte) será fácil enxergar os amarelados Saturno e Vênus (este o mais brilhante), e Marte, mais apagado, com seu tom vermelho. Mais acima no céu, no fim da fila, estará Júpiter, também amarelado.
Todo o espetáculo poderá ser apreciado se não houver nuvens. O próximo alinhamento só acontecerá em 2040. No site da revista americana "Sky and Telescope" (www.SkyandTelescope.com) é possível obter mapas do céu de qualquer cidade do mundo para uma observação mais precisa.



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