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Prefeito é dono de casa e hotel dentro de território em disputa
DA ENVIADA A ITATIAIA (RJ)
Um dos mais ilustres habitantes do Parque Nacional do
Itatiaia -proprietário de uma
residência e dono do hotel Ypê,
ambos dentro da unidade de
conservação- é o prefeito de
Itatiaia. Luiz Carlos Bastos, que
se elegeu com o nome Luiz Carlos Ypê (PP), diz que só há duas
formas de resolver a questão
fundiária local: desapropriar e
pagar quem mora na parte baixa do parque ou simplesmente
exclui-la do mapa da unidade.
Segundo ele, isso não causaria degradação porque os moradores têm consciência ambiental. "Em dezembro deste
ano completo 50 anos dentro
do parque", diz. "Sempre procurei ser parceiro."
A proposta de reduzir o parque foi lançada pela AAI (Associação Amigos do Itatiaia). Segundo ela, caso esse plano dê
errado, há receio de o governo
não pagar devidamente a indenização pelas desapropriações.
"Seremos fiscais terríveis se
houver desapropriação. Verificaremos se as construções serão derrubadas, onde vão colocar o entulho", afirma Heizer.
"Da mesma forma, se o parque
for desmembrado, eles [críticos
da AAI] também devem se tornar rígidos fiscais."
Segundo a presidente da entidade, a maior parte do ex-núcleo colonial se tornou parque
só em 1982. Se isso for confirmado, mais pessoas teriam direito à indenização, pois não teriam chegado ao parque como
invasoras. No entanto, um mapa do ICMBio mostra que a
área já estava demarcada como
sendo do parque em 1937.
Outra preocupação da AAI é
que a polêmica sobre a demarcação do parque fez os preços
dos imóveis na área caírem.
Uma propriedade que valia R$
400 mil, segundo Heizer, já foi
vendida por R$ 100 mil.
Bastos, o prefeito, diz que o
antigo núcleo colonial foi quem
iniciou a recuperação da mata
na região, degradada pela criação de gado. Como justificativa
para reduzir o parque, ele afirma que o local já tem feições urbanas. "Lá tem linha de ônibus
regular, recolhimento de lixo,
transporte escolar, rede elétrica", diz. O prefeito afirma que o
parque não gera receita para a
cidade, só encargos, e que as casas e hotéis na parte baixa geram cerca de 200 empregos.
Guerra de assinaturas
A polêmica proposta de redução do parque gerou dois
manifestos. O "Manifesto pelo
integridade do parque nacional
do Itatiaia", lançado em novembro passado pelo Mosaico
da Mantiqueira, entidade ligada às unidades de conservação
da região, defende a manutenção da área atual do parque e
obteve 1.986 assinaturas. Em
janeiro, a AAI apresentou seus
argumentos na "Proposta para
Regularização Fundiária do
Núcleo Colonial Itatiaya", que
tem 1.111 assinaturas.
(AB)
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