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BIOTECNOLOGIA
Sensor biológico desenvolvido por pesquisadores dos EUA detecta micróbios como o antraz em 5 minutos
Célula luminosa pode ser nova arma contra bioterror
MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A onda de pânico dos americanos com relação ao bioterrorismo
produziu agora um poderoso instrumento de detecção e combate
de vírus e bactérias causadores de
doenças: um sensor biológico feito de células transgênicas que
emitem luz ao entrar em contato
com os micróbios.
A técnica desenvolvida pelo
americano Todd Rider e sua equipe, do MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts), é rápida e
eficaz na detecção de germes como o bacilo do antraz e o vírus
causador da varíola. Também já
foi testada com sucesso contra as
bactérias da peste e do cólera.
O sensor celular foi construído a
partir de linfócitos B (glóbulos
brancos), células do sistema de
defesa do organismo de camundongos "Decidi usar células como
essas, que já são detectores de patógenos [microrganismos que
causam doenças] que a natureza
já tinha inventado e otimizado",
disse Rider, 34, à Folha. A nova
técnica, batizada Canary, demora
cerca de cinco minutos para achar
micróbios, enquanto outros métodos, como o PCR (sigla inglesa
para reação em cadeia da polimerase) levam de 30 a 60 minutos.
Usando técnicas de engenharia
genética, a equipe de Rider inseriu
nos linfócitos um gene de água-viva que carrega a receita para a
fabricação de uma proteína chamada GFP (sigla em inglês para
proteína verde fluorescente).
Quando o glóbulo branco modificado encontra o causador de
doenças, a proteína emite luz e
acusa a presença do inimigo.
Em cada caso, os glóbulos brancos são selecionados para que sua
superfície se ligue especificamente a cada um dos diferentes agentes externos. "Quando o patógeno
correto se liga ao linfócito B, a
GFP é acionada e as células brilham em segundos", explica Rider. Em alguns exemplos, a Canary consegue até diferenciar variedades do mesmo patógeno.
A velocidade é um fator importante quando se trata de doenças
que precisam de diagnóstico imediato, como antraz. Com o auxílio
de um medidor de luz, o resultado
do teste é instantâneo.
Preparar as células também é
rápido. "Em menos de dois dias
temos os linfócitos modificados, e
eles duram dois dias à temperatura ambiente, duas semanas se refrigerados e indefinidamente se
forem congelados", explica Rider.
Ele diz que há um custo inicial
para selecionar geneticamente as
células para que sejam específicas
para um dado agente, mas, uma
vez feito o trabalho, as células podem se reproduzir indefinidamente. "No fim, o preço não vai
passar de alguns centavos por teste." Os testes podem ser feitos em
amostras de sangue, urina, saliva,
muco e água ou até no ar. O estudo saiu hoje na revista "Science".
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