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São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2003

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BIOTECNOLOGIA

Sensor biológico desenvolvido por pesquisadores dos EUA detecta micróbios como o antraz em 5 minutos

Célula luminosa pode ser nova arma contra bioterror

MARCUS VINICIUS MARINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A onda de pânico dos americanos com relação ao bioterrorismo produziu agora um poderoso instrumento de detecção e combate de vírus e bactérias causadores de doenças: um sensor biológico feito de células transgênicas que emitem luz ao entrar em contato com os micróbios.
A técnica desenvolvida pelo americano Todd Rider e sua equipe, do MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts), é rápida e eficaz na detecção de germes como o bacilo do antraz e o vírus causador da varíola. Também já foi testada com sucesso contra as bactérias da peste e do cólera.
O sensor celular foi construído a partir de linfócitos B (glóbulos brancos), células do sistema de defesa do organismo de camundongos "Decidi usar células como essas, que já são detectores de patógenos [microrganismos que causam doenças] que a natureza já tinha inventado e otimizado", disse Rider, 34, à Folha. A nova técnica, batizada Canary, demora cerca de cinco minutos para achar micróbios, enquanto outros métodos, como o PCR (sigla inglesa para reação em cadeia da polimerase) levam de 30 a 60 minutos.
Usando técnicas de engenharia genética, a equipe de Rider inseriu nos linfócitos um gene de água-viva que carrega a receita para a fabricação de uma proteína chamada GFP (sigla em inglês para proteína verde fluorescente). Quando o glóbulo branco modificado encontra o causador de doenças, a proteína emite luz e acusa a presença do inimigo.
Em cada caso, os glóbulos brancos são selecionados para que sua superfície se ligue especificamente a cada um dos diferentes agentes externos. "Quando o patógeno correto se liga ao linfócito B, a GFP é acionada e as células brilham em segundos", explica Rider. Em alguns exemplos, a Canary consegue até diferenciar variedades do mesmo patógeno.
A velocidade é um fator importante quando se trata de doenças que precisam de diagnóstico imediato, como antraz. Com o auxílio de um medidor de luz, o resultado do teste é instantâneo.
Preparar as células também é rápido. "Em menos de dois dias temos os linfócitos modificados, e eles duram dois dias à temperatura ambiente, duas semanas se refrigerados e indefinidamente se forem congelados", explica Rider.
Ele diz que há um custo inicial para selecionar geneticamente as células para que sejam específicas para um dado agente, mas, uma vez feito o trabalho, as células podem se reproduzir indefinidamente. "No fim, o preço não vai passar de alguns centavos por teste." Os testes podem ser feitos em amostras de sangue, urina, saliva, muco e água ou até no ar. O estudo saiu hoje na revista "Science".


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