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Grupo de estrangeiros aposentados vem procurar espécies que só existem aqui
DA ENVIADA A UBATUBA (SP)
O ornitólogo americano
Frank Gill, 67, e mais 13 estrangeiros com mais de 65 anos andam pela mata da fazenda Califórnia, em Ubatuba. Passam ao
lado de um rio e, em meio ao barulho da água correndo, tentam
ouvir cantos e encontrar determinadas espécies de aves, entre
elas a choquinha-pequena
(Myrmotherula minor).
O Brasil foi escolhido pelos
turistas porque, além de ter
muita diversidade, possui 232
espécies endêmicas -ou seja,
que não podem ser vistas em
nenhuma outra parte do mundo. "Acredito que veremos
umas 200 espécies diferentes
até o final da viagem", diz Gill,
que já presidiu a Associação
Americana dos Ornitólogos.
A mulher dele, Sally Conyne,
acompanha a jornada. "É a oitavavez que estou no Brasil.
Aqui tem boa comida e acomodação. E os brasileiros são mais
preocupados com o ambiente."
Kim Garwood, aposentada,
viaja em busca de borboletas.
Ela já fez um livro sobre as espécies da Amazônia e pretende
lançar outro sobre as do Sudeste. Ellen Strauss, 70, pratica a
observação de aves desde pequena, por influência dos pais.
"Mas fui além deles, fiquei fanática", conta ela, enquanto
desenha e faz anotações em seu
bloco sobre cada ave vista.
Uma das espécies observadas em meio a alguns pés de cacau da fazenda, para deleite dos
turistas, foi o pintadinho
(Drymophila squamata). O guia
especializado, o biólogo americano Bret Whitney, afirma que
seus compatriotas são quem
mais procura o Brasil para ver
aves. Sua empresa faz até dez
excursões por ano no país.
Otimista, ele acredita que a
prática aumentará a conscientização ecológica da população.
Para ajudar nisso, um de seus
projetos em andamento é um
guia de campo "popular". Enquanto a obra não sai, seus pupilos usavam para se orientar o
guia "Aves do Brasil Oriental",
de Tomas Sigrist.
Abundância
Ubatuba tem 514 aves diferentes -só em um bairro da cidade, Folha Seca, é possível ver
21 espécies de beija-flor.
Carlos Rizzo, da Secretaria
Municipal de Meio Ambiente,
conta que a diversidade se deve
ao fato de a cidade ter 92% de
seu território em área de preservação (como o parque da
Serra do Mar) e haver abundância de alimento. Segundo
ele, além de receber turistas,
Ubatuba tenta difundir a atividade no próprio município.
Quatro escolas já têm aulas
complementares com observação de aves, usando binóculos
doados pela Petrobras.
(AB)
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