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Templo no Peru tem 4.000 anos
Murais em sítio arqueológico no norte do país podem ser os mais antigos das Américas, diz cientista
Centro cerimonial feito de tijolos de argila foi achado perto de tumba com múmia de rei de cultura pré-incaica que ocupou a costa peruana
Agência Andina/France Presse
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O arqueólogo Walter Alva aponta para figura com cena de caça |
DA REDAÇÃO
Um grupo de arqueólogos
anunciou anteontem a descoberta de um um templo de
4.000 anos na costa norte do
Peru, um centro cerimonial
que pode ter os murais mais antigos das Américas.
O templo está localizado a
760 km de Lima, no vale de
Lambayeque, em um complexo
de ruínas batizado pelos arqueólogos de Ventarrón (vento
forte, em espanhol), nome do
morro sobre o qual o centro cerimonial fica. O edifício inclui
uma escadaria que leva a um altar usado para culto ao fogo e
para oferendas a deuses, afirmam os cientistas.
A descoberta foi feita pelo
grupo do arqueólogo Walter Alva, do Museu Tumbas Reales, o
descobridor da cidadela de Sipán, encontrada na mesma região em 1987. O resultado da
datação do sítio por radiocarbono, feita pelos laboratórios
Beta, de Miami (EUA), foi
anunciada ao público no sábado em uma cerimônia em Lima
patrocinada pelo governo do
Peru. Arqueólogos já estavam
escavando o local desde agosto.
"O que surpreende [em Ventarrón] são os métodos de
construção, o projeto arquitetônico e, mais do que tudo, a
existência de murais que podem ser os mais antigos das
Américas", afirmou Alva. "A
descoberta deste templo revela
evidências sugestivas de que a
região de Lambayeque era uma
das que exibiam grande intercâmbio cultural entre a costa
do Pacífico e o resto do Peru."
Segundo o arqueólogo, Ventarrón é feito de tijolos de argila
tirada de rios, em vez de pedras.
"Esta descoberta mostra uma
tradição arquitetônica e iconográfica diferente da daquela
que era conhecida até agora",
afirma Alva.
O complexo recém-descoberto tem cerca de 2.500 m2
-metade de um campo de futebol. Entre os murais coloridos que estão preservados está
um que mostra a imagem de
um veado sendo caçado com
uma rede.
Alva já era conhecido na comunidade arqueológica por ter
conseguido encontrar em Sipán uma tumba cheia de artefatos de ouro, construída para
abrigar a múmia de um rei da
cultura moche, anterior à inca.
Acredita-se que os moche tenham ocupado a costa peruana
entre os séculos 1 d.C. e 8 d.C.,
mas Ventarrón é bem anterior
a isso, podendo ter sido construída ainda no século 20 a.C.
A cidade mais antiga conhecida nas Américas, Caral, também fica na costa do Peru, e foi
datada com sendo de 2627 a.C.
Segundo Alva, esses dois sítios mais antigos devem pertencer a alguma cultura do período que arqueólogos peruanos classificam como arcaico.
"Isso significa que quando esses templos foram construídos
ainda não se fabricavam artefatos de argila, mas temos um
santuário com imagens, com
símbolos de arquitetura altamente desenvolvida", disse.
Com agências internacionais
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