São Paulo, segunda-feira, 12 de novembro de 2007

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Templo no Peru tem 4.000 anos

Murais em sítio arqueológico no norte do país podem ser os mais antigos das Américas, diz cientista

Centro cerimonial feito de tijolos de argila foi achado perto de tumba com múmia de rei de cultura pré-incaica que ocupou a costa peruana

Agência Andina/France Presse
O arqueólogo Walter Alva aponta para figura com cena de caça


DA REDAÇÃO

Um grupo de arqueólogos anunciou anteontem a descoberta de um um templo de 4.000 anos na costa norte do Peru, um centro cerimonial que pode ter os murais mais antigos das Américas.
O templo está localizado a 760 km de Lima, no vale de Lambayeque, em um complexo de ruínas batizado pelos arqueólogos de Ventarrón (vento forte, em espanhol), nome do morro sobre o qual o centro cerimonial fica. O edifício inclui uma escadaria que leva a um altar usado para culto ao fogo e para oferendas a deuses, afirmam os cientistas.
A descoberta foi feita pelo grupo do arqueólogo Walter Alva, do Museu Tumbas Reales, o descobridor da cidadela de Sipán, encontrada na mesma região em 1987. O resultado da datação do sítio por radiocarbono, feita pelos laboratórios Beta, de Miami (EUA), foi anunciada ao público no sábado em uma cerimônia em Lima patrocinada pelo governo do Peru. Arqueólogos já estavam escavando o local desde agosto.
"O que surpreende [em Ventarrón] são os métodos de construção, o projeto arquitetônico e, mais do que tudo, a existência de murais que podem ser os mais antigos das Américas", afirmou Alva. "A descoberta deste templo revela evidências sugestivas de que a região de Lambayeque era uma das que exibiam grande intercâmbio cultural entre a costa do Pacífico e o resto do Peru."
Segundo o arqueólogo, Ventarrón é feito de tijolos de argila tirada de rios, em vez de pedras. "Esta descoberta mostra uma tradição arquitetônica e iconográfica diferente da daquela que era conhecida até agora", afirma Alva.
O complexo recém-descoberto tem cerca de 2.500 m2 -metade de um campo de futebol. Entre os murais coloridos que estão preservados está um que mostra a imagem de um veado sendo caçado com uma rede.
Alva já era conhecido na comunidade arqueológica por ter conseguido encontrar em Sipán uma tumba cheia de artefatos de ouro, construída para abrigar a múmia de um rei da cultura moche, anterior à inca. Acredita-se que os moche tenham ocupado a costa peruana entre os séculos 1 d.C. e 8 d.C., mas Ventarrón é bem anterior a isso, podendo ter sido construída ainda no século 20 a.C.
A cidade mais antiga conhecida nas Américas, Caral, também fica na costa do Peru, e foi datada com sendo de 2627 a.C.
Segundo Alva, esses dois sítios mais antigos devem pertencer a alguma cultura do período que arqueólogos peruanos classificam como arcaico. "Isso significa que quando esses templos foram construídos ainda não se fabricavam artefatos de argila, mas temos um santuário com imagens, com símbolos de arquitetura altamente desenvolvida", disse.


Com agências internacionais


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