São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003 |
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ASTRONOMIA Observação foi feita com o telescópio Hubble Vento estelar varre atmosfera e cria cauda em planeta extra-solar
SALVADOR NOGUEIRA DA REPORTAGEM LOCAL O planeta passa rente à estrela, zunindo a 360.000 km/h. Nessa balada, executa uma órbita completa em torno dela a cada 3,5 dias terrestres. Mas está acabando o gás, advertem os cientistas. Sério. A atmosfera do planeta está sendo varrida num ritmo vertiginoso, segundo observações feitas com o telescópio espacial Hubble. As imagens permitiram a primeira detecção de hidrogênio num planeta extra-solar. Não que hidrogênio deva ser raro nesses astros. Ao contrário, ele deve ser o elemento principal de todos os cento e tantos planetas já descobertos fora do Sistema Solar até agora -em geral gigantes de porte igual ou superior que o de Júpiter, o maior em torno do Sol. Ocorre que analisar a atmosfera desses planetas exige condições especiais: a estrela-mãe precisa ser observada no exato instante em que o planeta passa na frente dela. Quando isso acontece, parte da luz da estrela passa raspando pela atmosfera do planeta, mas ainda assim, chega à Terra, trazendo consigo uma "assinatura" das substâncias que encontrou ao irromper o ar daquele mundo. Até agora, só esse planeta, orbitando a estrela HD209458 a 150 anos-luz daqui, ofereceu as condições de alinhamento necessárias à observação. Nele foi detectado o primeiro traço de sódio na atmosfera, há dois anos. O mais surpreendente da descoberta, reportada hoje na revista "Nature", é a constatação de que a atmosfera do planeta está expandida além do normal. E mais: o vento estelar (corrente de partículas emanadas da estrela) é tão intenso que está fazendo com que o ar seja varrido para o espaço. Pelo menos 10 mil toneladas de hidrogênio estão sendo perdidas a cada segundo, formando uma cauda gasosa, similar à de um cometa. Isso ajuda a explicar por que somente um planeta com tempo de órbita inferior a três dias foi achado até hoje -provavelmente há outros, mas já estão gastos demais para serem detectados. A próxima meta agora é estudar a cauda do planeta. "Nós estamos requisitando tempo no Hubble para isso. Vamos ver se vai acontecer", conta a porto-riquenha Gilda Ballester, da Universidade do Arizona (EUA). Além dela, participaram do estudo cientistas do Observatório de Genebra e do Instituto de Astrofísica de Paris. Texto Anterior: Efeito Estufa: Óleo de peixe faz ovino emitir menos metano Índice |
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