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Pólo Norte pode ficar sem gelo em 2008, diz cientista
Centro de vigilância alerta para o rápido derretimento de placas no oceano Ártico
Previsão do IPCC era que região ficasse livre de gelo somente no final deste século; Passagem Noroeste pode ser aberta novamente
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pólo Norte pode ficar sem
gelo neste verão. E, se a previsão de pesquisadores se concretizar, o prazo dado pelo
IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), que projetava a situação
para o final deste século, será
antecipado em várias décadas.
Para o Centro Nacional de
Gelo e Neve dos EUA, a hipótese de o pólo Norte ter todo o seu
gelo marinho derretido neste
ano é "perfeitamente possível".
Segundo o pesquisador Mark
Serreze, tudo depende do padrão de clima. "Um padrão
quente, como o que tivemos no
verão passado, irá aumentar as
chances. Um padrão mais frio
irá ajudar a manter a cobertura
de gelo no pólo Norte", disse.
Cientistas do Japão também
alertam que o gelo do Ártico está derretendo rapidamente. A
Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial afirma que a
área coberta por placas de gelo
no oceano pode encolher neste
verão e se tornar a menor desde
1978, quando a observação por
satélites começou.
Parte do gelo marinho derrete todo meio de ano (no verão
setentrional), para recongelar
depois. No entanto, sob a influência do aquecimento global, a porção que derrete é cada
vez maior, e a que recongela,
cada vez menor.
Em setembro do ano passado, a capa de gelo marinho do
Ártico quebrou todos os recordes e encolheu mais de 1 milhão
de km2 (ou quatro vezes a área
do Piauí) em relação ao valor
mínimo registrado anteriormente. Com isso, foi aberta pela primeira vez a Passagem Noroeste, almejada rota marítima
entre Europa e Ásia por onde
até então não era possível passar. Para Serreze, essa abertura
pode ocorrer novamente, "mas
ninguém realmente sabe". "É
uma aposta certa, entretanto,
que com o passar das décadas
ficará cada vez mais aberta."
Segundo o estudo dos EUA, a
média de extensão de gelo em
abril de 2008, período da primavera, não foi a mais baixa
dos últimos tempos, mas está
abaixo da média para este mês
entre os anos de 1979 e 2000.
A situação atual é preocupante porque, embora haja
mais gelo do que em 2007, o
declínio tem sido muito rápido
-a taxa de redução de gelo no
mês passado foi de 6.000 km2
(equivale à perda do território
do Distrito Federal) ao dia.
Parte da explicação, segundo
o centro americano, é o calor
que marcou abril no oceano
Ártico e adjacências. Em algumas áreas, as temperaturas ficaram 5ºC acima da média.
Outro problema é que a cobertura de gelo nesta primavera tem uma proporção elevada
de gelo fino, com um ano de
idade. Cerca de 30% do gelo
com um ano sobrevive ao verão, contra 75% do gelo mais
velho. Para evitar bater o recorde de 2007, mais de 50% do gelo com apenas um ano teria de
sobreviver. Isso, porém, só
ocorreu uma vez nos últimos
25 anos, em 1996.
As projeções do Centro Nacional de Gelo e Neve não são
animadoras. Em setembro passado, havia 4,28 milhões de
km2 de gelo. Ao aplicar as taxas
médias para as condições
atuais, no final deste verão haverá 3,59 milhões de km2. Se as
taxas forem como as de 2007,
restarão 2,22 milhões de km2.
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