da "Reuters"

A Sony, grupo empresarial japonês da área de eletroeletrônica, suspendeu o fornecimento de câmeras de vídeo amador para o comércio após constatar que o equipamento é capaz de registrar imagens através das roupas.
Alguns modelos de câmeras da Sony são equipados com sensores de radiação infravermelha, que permite a utilização da câmera em ambientes com pouca luz.
Mas, segundo relatos, quando esses sensores são ativados para gravações durante o dia, ou com luz artificial intensa, as imagens captadas registrariam as roupas de baixo de quem foi gravado, principalmente se a pessoa estiver vestida com tecidos leves.
No caso de maiôs, biquínis e calções de banho, as pessoas apareceriam quase nuas.
A Folha contatou o serviço de atendimento ao consumidor da Sony nos EUA, que negou essa capacidade das câmeras. Mas a assessoria de imprensa da Sony norte-americana confirmou a existência do que classificou como "uso não-previsto".
Um porta-voz da Sony japonesa disse que a companhia desconhecia essa capacidade do produto, mas que testes feitos por seus técnicos a confirmaram.
O objetivo do dispositivo de infravermelho é possibilitar filmagens de crianças dormindo ou de animais noturnos, por exemplo.
Preocupada com possíveis usos menos "inocentes" de seu produto, a Sony modificou a câmera. Nos aparelhos fabricados a partir de agosto, a opção de filmagem com infravermelho só deve funcionar em locais com pouca luz.
Os modelos com infravermelho começaram a ser vendidos no Japão em março deste ano.
Até o final de junho, cerca de 870 mil unidades com a capacidade de gravar sob a roupa foram vendidas em todo o mundo, segundo a Sony.
Cerca de 400 mil unidades foram vendidas na América do Norte e outras 180 mil na Europa.
Nos EUA, as câmeras com bloqueio da função de infravermelho começaram a ser fabricadas no dia 6 de agosto e ainda não estão disponíveis no mercado.
Apesar de ter bloqueado as remessas do produto para todo o mundo, a Sony não está pedindo às lojas que removam as câmeras das prateleiras.
Segundo o físico Vitor Baranauskas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), todo objeto que gera calor, como o corpo humano, emite radiação infravermelha.
Baranauskas diz que gravações com infravermelho durante o dia devem registrar imagens pouco nítidas. "Seriam como silhuetas fora de foco, com pouca diferenciação de cores", disse.