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Estudo cria radioterapia personalizada
Método, em fase de testes, prevê como cada paciente deve reagir à radioatividade para adequar o tratamento
Ideia de pesquisadores de Recife pode reduzir
os efeitos colaterais e aumentar a eficiência da terapia por radiação
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
Uma nova forma de interpretar a presença de proteínas no corpo dos pacientes
com câncer pode ser a chave
para garantir tratamentos
desenvolvidos sob medida
para cada um deles.
A aposta é de pesquisadores da UFPE (Universidade
Federal de Pernambuco),
que estão trabalhando em
um método para prever como
cada organismo irá se comportar ao ser exposto à terapia com radiação.
Esse tipo de tratamento é
importante para destruir as
células tumorais, mas acaba
atingindo também partes
saudáveis do organismo.
Com a ajuda de um exame
de sangue, os cientistas da
UFPE analisam a expressão
(ou seja, a intensidade da
produção) de algumas proteínas do corpo humano, como a p53 e a p21, que são responsáveis por regular a resposta das células às agressões da radioterapia.
A partir daí, é possível deduzir a reação do organismo
e regular o tratamento. Além
de aumentar a efetividade da
radioterapia, o diagnóstico
reduziria os efeitos colaterais
da medicação, dosando a radiação de forma a poupar os
doentes mais vulneráveis.
"É impossível dizer com
precisão absoluta como cada
paciente irá reagir, mas nós
temos sido muito bem-sucedidos ao criar padrões de reação", afirma Ademir Amaral,
coordenador da pesquisa e
presidente da SBBN (Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares).
A ideia é otimizar o tratamento com base no caminho
molecular que leva à formação do tumor e não apenas
identificar o local específico
em que ele se manifesta.
Amaral e sua equipe, que
desenvolvem o trabalho há
dez anos, iniciaram o acompanhamento de cerca de 200
pessoas de cidades da região
metropolitana de Recife.
A perspectiva é que o método seja aplicável a todos os
tipos de tumor. Mas, por enquanto, o núcleo trabalha somente com casos de câncer
no colo do útero, de cabeça e
pescoço e no sangue.
Nesta etapa ainda não são
feitas alterações no tratamento convencional de tumor. Os cientistas se concentram, com base na análise
das proteínas, em documentar as reações previstas para
cada organismo.
"Precisamos conseguir um
número expressivo de acertos nas previsões antes de
passar para a próxima fase,
que é sugerir as mudanças
no tratamento", diz Amaral.
Segundo ele, a taxa de sucesso nas antecipações tem
sido expressiva.
EM CONTA
Uma das principais vantagens do método, segundo
seu coordenador, é que não
deve ficar caro incorporá-lo
aos exames que hoje são de
praxe no tratamento.
"O paciente faria só um
exame a mais", disse. "A
preocupação é ser acessível
para toda a população",
completa Amaral.
Os pesquisadores ainda
não sabem dizer quando o
tratamento, que ainda está
em fase de testes, poderá
chegar ao mercado.
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