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ITA lidera em produtividade científica
USP tem maior volume de publicações, mas instituto da Aeronáutica publica mais artigos científicos por doutor, diz estudo
Autores consideraram só as instituições de ensino com mais de 50 publicações de 2001 a 2005; particulares têm produção "baixíssima"
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A USP é a universidade brasileira com maior produção científica, mas, quando são levados
em conta critérios como o número de doutores ou de cursos
de pós-graduação por trabalho
publicado, é o ITA (Instituto
Tecnológico de Aeronáutica) a
instituição mais produtiva.
Essas são conclusões de um
estudo realizado pelo Instituto
Lobo a partir da base de dados
Thomson-ISI, que permite a
comparação da produtividade
das instituições a partir do número de trabalhos publicados
em periódicos internacionais.
No levantamento, foram
consideradas apenas as instituições de ensino superior que
conseguiram publicar ao menos 50 trabalhos no período de
2001 a 2005.
Esse corte mostra que o número de instituições privadas
com produção significativa é
muito baixo. Das 86 universidades particulares do país em
2005, apenas 23 (27% do total)
conseguiram publicar ao menos 50 trabalhos no período.
"Dá uma média de dez trabalhos por ano. É um patamar
baixíssimo para instituições
que, pela lei, têm que realizar
pesquisa", afirma Oscar Hipólito, autor do estudo em parceria
com Roberto Lobo.
Nas federais, o percentual de
universidades com ao menos
50 trabalhos foi de 77% e, nas
estaduais, 42%. Após esse corte, sobraram 83 instituições
com produção significativa.
Dessas, apenas 24 são privadas,
e a produção delas representou
somente 5% do total de trabalhos publicados no período.
Com o objetivo de avaliar
também a produtividade de cada instituição, os autores compararam o total de trabalhos
publicados com o de doutores
em regime integral, de cursos
de pós-graduação reconhecidos pela Capes e de recursos recebidos pelo CNPq.
No ranking por doutores, o
ITA apresentou a média de 5,4
trabalhos por doutor em regime de dedicação exclusiva, superando Unicamp (5 por doutor), USP (4,9), UFSCar (4,8) e
Unifesp (4,7). A média das 83
instituições comparadas foi de
2,25 nesses cinco anos.
A comparação com o número
de trabalhos por cursos reconhecidos pela Capes coloca de
novo o ITA no topo do ranking.
Por último, levou-se em conta também os recursos recebidos pelo CNPq. Nesse caso, é
preciso considerar que outras
fontes importantes de financiamento ficaram de fora, como
as fundações de apoio estaduais, a Capes ou a Finep.
Quem mais recebeu recursos
dessa fonte única foi a USP (R$
374 milhões em cinco anos),
mas o maior investimento por
trabalho publicado está na
PUC-SP (R$ 517 mil por trabalho publicado).
Para tentar agregar esses três
critérios (doutores, cursos e
verba do CNPq) num único indicador, os autores do levantamento elaboraram um índice
de produtividade em que, mais
uma vez, o ITA aparece como a
instituição mais produtiva.
Critérios
A produção medida por meio
de trabalhos publicados em revistas científicas indexadas
-com critérios mais rigorosos
de edição- não é a única forma
de avaliar instituições.
Outros levantamentos costumam utilizar também critérios
como o número de patentes obtidas por uma instituição ou o
número de vezes que um artigo
é citado em outros trabalhos.
O número de trabalhos publicados por pesquisador, no
entanto, é cada vez mais usado
por órgãos de fomento.
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