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PROMESSA NA MEDICINA
Conselheiro de bioética do papa condena a pesquisa coreana com células-tronco embrionárias
Vaticano compara clonagem ao nazismo
DA REDAÇÃO
O Vaticano condenou ontem a
clonagem de embriões na Coréia
do Sul para obter células-tronco
com finalidade terapêutica, feito
publicado na revista "Science".
Monsenhor Elio Sgrecia, conselheiro de bioética do papa João
Paulo 2º, afirmou: "Isso seria uma
repetição do que os nazistas fizeram nos campos de concentração" (na Segunda Guerra).
"Você não pode destruir vida
humana na esperança de encontrar remédios para salvar outras
vidas", afirmou Sgrecia, da Pontifícia Academia pela Vida. "Isso
não é uma vitória, mas é pisar na
vida humana duas vezes."
Sgrecia se referia ao experimento da Universidade Nacional de
Seul, na Coréia do Sul, que conseguiu produzir pela primeira vez
uma linhagem de células-tronco a
partir de embriões humanos clonados. Com ajuda dessas células,
que têm a capacidade de se transformar em qualquer tecido do
corpo humano, os cientistas esperam desenvolver novos tratamentos para doenças como diabetes e
Alzheimer -o que ainda deve demorar pelo menos uma década.
A Igreja Católica condena toda
pesquisa com embriões que leve à
sua destruição, como a obtenção
das células-tronco embrionárias
(retiradas de blastocistos, embriões com 100 a 150 células).
Sob pressão de deputados evangélicos e católicos, a Câmara dos
Deputados do Brasil aprovou, no
último dia 5, uma lei de biossegurança que proíbe pesquisa com
embriões e ainda vai ser examinada no Senado. Se estivesse em vigor, um estudo como o sul-coreano seria ilegal.
Sgrecia defende que as pesquisas usem células-tronco retiradas
do cordão umbilical ou de adultos, pois isso não implicaria destruição de vida (mas os cientistas
acreditam que o potencial terapêutico das células-tronco adultas
é menor). "Alguns cientistas estão
enchendo as pessoas de falsas esperanças, e ao mesmo tempo cometem crimes, porque criar um
embrião para suprimi-lo é um jogo tecnológico e desumano."
A pesquisa foi também condenada por Leon Kass, que preside o
conselho de bioética da Presidência dos EUA. "A era da clonagem
humana parece ter chegado: agora são clonados blastocistos para
uma pesquisa, e logo serão clonados blastocistos para criar bebês".
Com agências internacionais
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