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HISTÓRIA
Maior instituição de pesquisa do país, a Max Planck, se desculpa pelos experimentos nos campos de concentração
Ciência alemã pede perdão por nazismo
ROBERT KOENIG
DA "SCIENCE NOW"
Durante meio século, sobreviventes de experimentos nazistas
nos campos de concentração esperaram das sociedades científicas alemãs um pedido formal de
desculpas -assim como maiores
detalhes sobre as pesquisas que
levaram aos abusos sofridos.
No dia 7 deste mês, algumas
dessas vítimas finalmente receberam as desculpas explícitas do
chefe da principal organização de
pesquisa do país, a Sociedade
Max Planck, que substituiu a Sociedade Kaiser Wilhelm (KWG),
responsável por estudos abomináveis durante a Segunda Guerra.
A desculpa histórica aconteceu
durante um simpósio sobre experimentação humana patrocinado
pela comissão presidencial Max
Planck, que investiga as atividades da KWG durante o Terceiro
Reich, no período de 1933 a 1945.
Na cerimônia de abertura, o
presidente da Max Planck, Hubert Markl, expressou aos sobreviventes de experimentos nos
campos "profundo lamento,
compaixão e vergonha por tais
crimes terem sido promovidos,
cometidos e não prevenidos por
cientistas alemães".
Markl afirmou que "existem
evidências científicas que mostram, sem sombra de dúvida, que
diretores e funcionários dos institutos Kaiser Wilhelm organizaram e mesmo participaram ativamente dos crimes do regime nazista. A Sociedade Max Planck,
como herdeira da Sociedade Kaiser Wilhelm, precisa enfrentar esses fatos históricos e assumir sua
responsabilidade moral".
A desculpa de Markl foi seguida
de emocionados discursos de
duas vítimas dos experimentos
com gêmeos feitos pelo médico
Joseph Mengele no campo de
concentração de Auschwitz-Birkenau. De um total estimado em
1.500 gêmeos usados por Mengele
nos seus experimentos, menos de
200 indivíduos sobreviveram à
guerra e somente 80 estão vivos
hoje. Mengele costumava injetar
em um dos gêmeos uma substância tóxica ou um patógeno e usava
o outro como controle.
"Éramos usados como cobaias
humanas", disse Eva Mozes Kor,
de Indiana (EUA), que sobreviveu
aos abusos de Mengele, juntamente com sua irmã, Miriam.
Embora Mengele não trabalhasse na KWG, ele colaborou em
muitos projetos com cientistas da
instituição. A comissão continuará investigando qualquer evidência que possa surgir. Embora
muitos documentos sobre crimes
nazistas estejam irremediavelmente perdidos, alguns dos sobreviventes dizem que o ato de
prestação de contas acalma suas
mentes e, talvez, previna futuras
atrocidades. "Seres humanos fizeram Auschwitz", diz a sobrevivente Jona Laks. "Não existe garantia de que não se repetirá."
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