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Estudo liga relógio biológico à
ação da cocaína no organismo
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
O mesmo material genético das
moscas de fruta que regula o seu
relógio biológico também está envolvido na sensibilização do organismo ao consumo de cocaína.
O fenômeno foi descoberto em
moscas drosófilas, mas uma forma dele pode existir nos seres humanos, e estar vinculada ao risco
de se viciar em drogas.
Os chamados relógios biológicos são os mecanismos que controlam os ritmos e ciclos das várias funções nos seres vivos, como
dormir e estar acordado.
O estudo, publicado na edição
da "Science" de ontem, mostra
que as moscas que tiveram retirados vários de seus genes que têm
papel chave no relógio biológico
também perderam a capacidade
de se sensibilizar com a cocaína.
Expostas à cocaína, as drosófilas
têm reações parecidas com a de
animais vertebrados como o homem. Voam de maneira irregular
e estendem a probóscide ("tromba", o aparelho bucal dos insetos).
"A cocaína ocorre naturalmente
na folha de coca. Alguns postularam que sua função inicial nessas
plantas era a de um agente antiinseto", disse à Folha Jay Hirsh, da
Universidade de Virgínia (EUA),
principal autor do estudo,.
O "consumo" regular da droga
pelos insetos -e por seres humanos- afeta sistemas de transmissão de impulsos do sistema nervoso. "É isso que a faz tão perigosa", diz Hirsh.
A descoberta de agora segue
uma linha de pesquisa com um
começo curioso. Hirsh e seus colegas usavam drosófilas sem cabeça como um meio de poder injetar drogas diretamente na medula dos insetos.
"Estávamos tentando usar essas
moscas decapitadas para genética
seletiva quando um colega sugeriu que tentássemos dar cocaína a
moscas intactas como um aerossol", diz o pesquisador.
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