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ASTRONOMIA
Imagens das sondas Global Surveyor e Odyssey reforçam hipótese de época quente e úmida no planeta vermelho
Água deixa várias marcas no solo marciano
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos anos, as evidências
de que Marte um dia foi entrecortado por vastas correntes de água
só fizeram aumentar. Agora, um
grupo de pesquisadores identificou uma região em que isso aconteceu várias vezes em sequência.
A recorrência nos fluxos líquidos é o traço mais marcante de
um terreno a norte da cratera
Holden, na região Erythraeum,
no hemisfério Sul do chamado
planeta vermelho. Lá, estima-se
que a água tenha moldado o terreno em múltiplas ocasiões.
Pela quantidade de crateras,
apesar da imprecisão inerente, os
cientistas imaginam que a ação tenha acontecido há mais de 3,5 bilhões de anos, na primeira das
grandes eras marcianas, a Noachiana (pronuncia-se "noaquiana"). A nomenclatura vem da região de Noachis, considerada um
modelo para estudos dessa época
da história de Marte. Estima-se
que o planeta, nesse período, tenha sido mais quente e úmido.
Segundo os pesquisadores Michael Malin e Kenneth Edgett, da
Malin Space Science Systems, a
região agora identificada parece
"saída de um livro didático" para
explicar a formação de processos
sedimentares e formadores de canais naturais.
A dupla divulgou seus resultados eletronicamente na revista
americana "Science" (www.
sciencexpress.org), que deve publicar o estudo numa futura edição impressa. A pesquisa só foi
possível com a combinação de esforços dos sistemas de imagens da
Mars Global Surveyor e da Mars
Odyssey, as duas sondas orbitadoras da Nasa atualmente no planeta vermelho.
A elas deve fazer companhia
brevemente a sonda européia
Mars Express. A nave fez seu último ajuste de trajetória antes da
chegada ao planeta vermelho. O
módulo de pouso que viaja junto
dela, o Beagle-2, construído pelos
britânicos, deve fazer a descida à
superfície de Marte no próximo
dia 25 de dezembro.
A missão européia em solo marciano deve buscar sinais de química orgânica (indicativos de vida), mas não está particularmente
preocupada em estudar locais
com evidência de água -diferentemente dos jipes da Nasa (agência espacial americana) que também estão prestes a chegar à superfície do planeta vermelho.
Considerados como geólogos
robóticos móveis, os jipes Spirit e
Opportunity devem pousar, em
janeiro, em regiões de Marte onde
há sinais anteriores de água. Será
uma tentativa de aprofundar o
conhecimento obtido com as sondas orbitadoras e confirmar as
conclusões sobre a natureza
aquosa dos recortes na superfície.
"Eles foram projetados para testar as idéias que formamos com
nossos orbitadores e nos dar experiência na busca do histórico da
água líquida no planeta", explica
James Garvin, cientista-chefe do
programa de exploração de Marte
na Nasa. "Vamos precisar disso
antes que voltemos a procurar indícios, mesmo indiretos, de vida."
Até agora, as evidências de vida
em Marte são majoritariamente
baseadas no estudo de um meteorito.
(SALVADOR NOGUEIRA)
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