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Cerrado vai ganhar corredor ecológico de 20 quilômetros
Área será ligação entre o parque nacional da Chapada dos Veadeiros e reserva na Serra do Tombador
Atualmente, pontos de desmatamento pelo caminho dificultam o tráfego de animais e facilitam a sua caça
Eduardo Knapp/Folhapress
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O pepalanto faz parte
dos 43% de espécies
endêmicas do
bioma cerrado.
GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A CAVALCANTE
(GO)
O cerrado -segundo bioma mais ameaçado do Brasil,
atrás apenas da mata atlântica- ganhará um corredor
ecológico ligando dois de
seus principais polos de conservação: o parque nacional
da Chapada dos Veadeiros e
a reserva particular da Serra
do Tombador, em Goiás.
Com cerca de 20 quilômetros de extensão em linha reta, o corredor permitirá que
os animais da região circulem com facilidade entre as
duas áreas de preservação.
Além de facilitar o tráfego
das espécies, o corredor irá
permitir a fuga dos animais
para ambientes seguros em
caso de incêndios.
Atualmente, há vários
pontos de desmatamento no
caminho entre essas duas reservas, o que dificulta a circulação e deixa os bichos
mais vulneráveis à caça e a
outras ameaças.
Pelo atual Código Florestal, os terrenos particulares
do cerrado precisam manter
20% de sua área preservada:
a chamada reserva legal.
Idealizadora do projeto, a
Fundação Boticário de Proteção à Natureza -que administra a reserva da Serra do
Tombador- pretende criar o
corredor usando as áreas de
reserva legal das propriedades que ficam no caminho.
Apesar da norma, é comum que os proprietários
desmatem além do limite
permitido, devido à falta de
fiscalização e repressão.
"Para criar o corredor e
ajudar o ecossistema, não é
preciso grandes invenções.
Basta fazer com que os fazendeiros preservem o que a lei
determina", afirma a engenheira florestal e ex-professora da UFRRJ (Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro) Maísa Guapyassú.
"Já que o governo não dá
conta de tantas as demandas, é fundamental que a iniciativa privada colabore",
disse Guapyassú, que é analista de projetos da fundação.
No projeto do corredor, o
georreferenciamento, parte
mais cara da iniciativa, será
financiada pela fundação e
ONGs (organizações não governamentais) parceiras.
O alto custo desse levantamento -que mapeia detalhadamente o terreno e identifica com coordenadas de
GPS os principais "pontos de
interesse", como estradas e
nascentes de rio- é apontado como o principal entrave
aos projetos de conservação.
CÓDIGO FLORESTAL
Embora as negociações
para a implantação do corredor estejam adiantadas, os
coordenadores do projeto
alertam que uma eventual
mudança no Código Florestal -que já está sendo discutida no Congresso- pode dificultar sua implementação.
"Todos os estudos para o
corredor foram baseados na
legislação atual. Se o percentual de reserva legal for reduzido, como em alguns casos
prevê o novo código, teremos
problemas", afirma a pesquisadora da fundação.
A jornalista GIULIANA MIRANDA viajou a
convite da Fundação Boticário
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