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CIÊNCIA
Programa espacial brasileiro será revisado
da Sucursal de Brasília
free-lance para a Folha Vale
A destruição do Saci-2 (Satélite
de Aplicações Científicas) no sábado, depois de uma falha na segunda ignição do VLS-1 (Veículo
Lançador de Satélites), pode
comprometer o avanço do programa espacial brasileiro.
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que
nenhum projeto aeroespacial será suspenso, mas que todos passarão por uma revisão, "o que é
natural", disse o porta-voz da
Presidência, Georges Lamazière.
FHC não comentou o caso do fracasso do sábado.
"Num projeto como esses, é natural que haja revisões periódicas
de tempos em tempos, como aliás
a própria agência espacial norte-americana, a Nasa, faz: verifica o
que está dando certo e o que não
está", disse o porta-voz.
Segundo ele, essa revisão caberá ao Ministério da Ciência e Tecnologia, à Aeronáutica e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O porta-voz disse que o ministério anunciará quais projetos terão prioridade no ano 2000. "Mas
isso não quer dizer que os outros
projetos, considerados menos
prioritários, serão extintos."
O Inpe, que encerrou com o Saci-2 a série de satélites de aplicações científicas, pretende lançar
experimentos em outro satélite,
mas ainda não definiu o modelo e
a data.
Caso nenhum dos quatro satélites, que devem entrar em fase de
produção no próximo ano, possa
levar os experimentos de pesquisas de fenômenos atmosféricos,
não está descartada a possibilidade de construção do Saci-3.
"Tudo depende das possibilidades de embarcarmos esses experimentos em outros satélites, o
que não depende apenas do Brasil", disse Márcio Nogueira Barbosa, diretor do Inpe.
O Inpe pretende iniciar a construção de pelo menos quatro satélites de médio e grande porte
até o final do ano que vem. Os
planos dependem da dotação orçamentária do instituto para o
ano que vem, cuja previsão é de
R$ 120 milhões.
Os novos satélites devem ser
construídos em parceria com a
China, Argentina e França.
Barbosa disse que a decisão de
mandar o Saci-2 ao espaço por
meio do VLS-1 foi discutida e tomada pelo conselho da AEB
(Agência Espacial Brasileira) e
acatada pelo Inpe, não só por
uma questão de hierarquia, mas
porque os técnicos acreditavam
que o vôo do foguete tinha grandes chances de ser um sucesso.
Na tentativa de sábado, o VLS-1
chegou a voar um terço do tempo
necessário para colocar o Saci-2
em órbita equatorial. No total, foram 9 minutos de vôo, a uma altitude de 750 km.
Desde 1980, quando teve início
o Programa Nacional de Atividades Espaciais, já foram investidos
US$ 500 milhões no desenvolvimento de tecnologia, construção
de satélites e das bases de lançamento -Centro de Lançamento
do Maranhão e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno.
(WILLIAM FRANÇA e CRISTINA LIMA MARTINS)
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