São Paulo, Terça-feira, 14 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Próximo Texto | Índice

CIÊNCIA
Programa espacial brasileiro será revisado

da Sucursal de Brasília

free-lance para a Folha Vale


A destruição do Saci-2 (Satélite de Aplicações Científicas) no sábado, depois de uma falha na segunda ignição do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), pode comprometer o avanço do programa espacial brasileiro.
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que nenhum projeto aeroespacial será suspenso, mas que todos passarão por uma revisão, "o que é natural", disse o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière. FHC não comentou o caso do fracasso do sábado.
"Num projeto como esses, é natural que haja revisões periódicas de tempos em tempos, como aliás a própria agência espacial norte-americana, a Nasa, faz: verifica o que está dando certo e o que não está", disse o porta-voz.
Segundo ele, essa revisão caberá ao Ministério da Ciência e Tecnologia, à Aeronáutica e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O porta-voz disse que o ministério anunciará quais projetos terão prioridade no ano 2000. "Mas isso não quer dizer que os outros projetos, considerados menos prioritários, serão extintos."
O Inpe, que encerrou com o Saci-2 a série de satélites de aplicações científicas, pretende lançar experimentos em outro satélite, mas ainda não definiu o modelo e a data.
Caso nenhum dos quatro satélites, que devem entrar em fase de produção no próximo ano, possa levar os experimentos de pesquisas de fenômenos atmosféricos, não está descartada a possibilidade de construção do Saci-3.
"Tudo depende das possibilidades de embarcarmos esses experimentos em outros satélites, o que não depende apenas do Brasil", disse Márcio Nogueira Barbosa, diretor do Inpe.
O Inpe pretende iniciar a construção de pelo menos quatro satélites de médio e grande porte até o final do ano que vem. Os planos dependem da dotação orçamentária do instituto para o ano que vem, cuja previsão é de R$ 120 milhões.
Os novos satélites devem ser construídos em parceria com a China, Argentina e França.
Barbosa disse que a decisão de mandar o Saci-2 ao espaço por meio do VLS-1 foi discutida e tomada pelo conselho da AEB (Agência Espacial Brasileira) e acatada pelo Inpe, não só por uma questão de hierarquia, mas porque os técnicos acreditavam que o vôo do foguete tinha grandes chances de ser um sucesso.
Na tentativa de sábado, o VLS-1 chegou a voar um terço do tempo necessário para colocar o Saci-2 em órbita equatorial. No total, foram 9 minutos de vôo, a uma altitude de 750 km.
Desde 1980, quando teve início o Programa Nacional de Atividades Espaciais, já foram investidos US$ 500 milhões no desenvolvimento de tecnologia, construção de satélites e das bases de lançamento -Centro de Lançamento do Maranhão e do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno. (WILLIAM FRANÇA e CRISTINA LIMA MARTINS)



Próximo Texto: Astrobiologia ajuda na busca de vida
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.