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COPENHAGUE 2009
Dilma defende acordo do clima tímido
Ministra, que chefia delegação brasileira na cúpula do clima, apoia tratado com corte global de 50% do CO2 até 2050
Número é o menos ousado em debate nas mesas de negociação; governo ainda tem setor defendendo que Brasil apoie corte de 70%
Luciana Coelho/Folha Imagem
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Minc olha para Dilma, que fala com jornalista em Copenhague
LUCIANA COELHO
MARTA SALOMON
ENVIADAS ESPECIAIS A COPENHAGUE
Ao final de seu primeiro dia
em campo como chefe da delegação brasileira na negociação
do clima, a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) defendeu
uma meta global de corte de
50% nas emissões de gases do
efeito estufa até 2050, em relação aos números de 1990.
O número é o mais tímido
entre os três que foram incluídos em uma proposta de acordo
apresentada na semana passada com apoio do Brasil (50%,
85% e 95%). Mas representa
um avanço na posição da própria Dilma, que, dias antes de ir
para Copenhague, não queria
nenhum valor que implicasse
em um compromisso dos países em desenvolvimento que
viesse depois a ser cobrado.
"Esse [número] nós temos, é
o mínimo de 50% [até 2050]",
afirmou Dilma após passar a
tarde reunida com outros chefes de delegação discutindo a
proposta de acordo. O texto
precisa ser entregue a premiês
e presidentes nesta quinta para
que eles o assinem na sexta.
Setores do governo avaliam
que uma meta inferior a 70% de
corte das emissões globais sobre 1990 é insuficiente para
conter o aquecimento do planeta sob um teto de 2C até
2100, como recomendado pelo
Painel Intergovernamental de
Mudanças Climáticas (IPCC).
Enfática, Dilma colocou a hipótese de não haver acordo nenhum em Copenhague caso ele
acabe com a diferenciação de
responsabilidades entre países
ricos e pobres definida pelo
Protocolo de Kyoto (1997).
"Não posso deixar que haja
uma volta para trás. Eu não
posso voltar para casa [com um
acordo desses], né?", pontuou.
Durante toda a entrevista, a
ministra repetiu que cabe a países ricos a cota maior e compulsória do corte de emissões e do
financiamento às nações em
desenvolvimento para lidarem
com a mudança climática.
Segundo Dilma, a questão de
igualar a exigência de corte entre o bloco dos desenvolvidos e
o dos em desenvolvimento voltou à baila ontem na reunião
dos ministros. Ela aceita compromissos, mas não metas nem
sanções por descumprimento.
Outro problema constantemente levantado pela delegação brasileira é a falta de dinheiro na mesa para as ações de
médio prazo. Os países desenvolvidos não citam números e,
com exceção da União Europeia, não falam em financiamento depois de 2013. Em vez
disso, cobram aporte dos emergentes -sobretudo da China e
do Brasil (Índia e África do Sul
raramente são citados).
"Tem uma situação completamente invertida. A responsabilidade é dos países desenvolvidos", afirmou a ministra.
A UE defendeu nesta semana
a colaboração dos emergentes
em um fundo global para lidar
com adaptação e corte de emissões nos países em desenvolvimento -uma proposta inicialmente colocada pelo México.
Dilma não rechaçou a ideia,
mas afirmou que antes de definir a posição brasileira quer ver
dinheiro na mesa. "Você só vai
fazer isso quando você souber
quanto vai ser posto." Para ela,
primeiro os países ricos, donos
da responsabilidade, precisam
mostrar suas ofertas. "Se vai ter
contribuição voluntária ou não
é um segundo momento."
A ministra defende que a discussão em Copenhague se balize pelo PIB per capita e, em linha com a posição tradicional
do Brasil, considere o histórico
de emissões. Alguns países dizem que os emergentes, por estarem entre os que mais contribuem hoje para o aumento dos
gases-estufa, deveriam fazer
mais -o que Dilma classifica
como um "escândalo".
A ONU estima que em 2020
serão precisos US$ 150 bilhões
anuais para bancar as ações de
adaptação e mitigação no médio prazo. Dilma diz que o Brasil vê um número entre US$
100 bilhões e US$ 500 bilhões.
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