São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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CIÊNCIA
Médicos fazem 1º transplante de mãos e braços

Reuters
Equipe internacional de especialistas realiza, na França, transplante duplo de mãos e antebraços


das agências internacionais

Uma equipe internacional de médicos realizou o primeiro transplante duplo de mãos e antebraços do mundo. A operação, realizada anteontem no Hospital Edouard-Herriot, na França, devolveu a um homem francês de 33 anos os membros que haviam sido amputados em 1996.
O hospital francês informou ontem que o quadro do paciente estava "estável e sua condição era satisfatória". A cirurgia, que durou 17 horas, terminou na madrugada de ontem.
O paciente perdeu os membros devido a uma explosão enquanto preparava um foguete caseiro. O nome do paciente, que reside em Rochefort, na costa francesa, não foi divulgado pela equipe médica.
A equipe de 50 especialistas de várias nacionalidades (franceses, espanhóis, australianos e ingleses) foi coordenada por Jean-Michel Dubernard, que também realizou o primeiro transplante de mão, em 1998, no neozelandês Clint Hallam, 49.
O médico australiano Earl Owen, que também participou da cirurgia em Hallam, fez parte da equipe do transplante duplo. "O paciente já acordou e está muito feliz", afirmou.
Owen disse que a equipe está satisfeita e espera uma boa recuperação do paciente. A operação de anteontem foi similar à de Hallam, com pinos inseridos sob o cotovelo.
Os cirurgiões reuniram-se antes do Natal para se preparar para o transplante duplo, mas não havia um doador na época. Para realizar um transplante de membro, o doador precisa ter tido morte cerebral (quando o corpo funciona, mas o cérebro perde a capacidade cognitiva). A identidade do doador não foi divulgada.

Riscos
Todo transplante apresenta vários riscos ao paciente. O primeiro passo, após o transplante, é dar ao paciente medicamentos que evitem que o corpo rejeite a parte transplantada. A droga deve ser usada pelo resto da vida.
Os remédios reduzem a capacidade do sistema de defesa do corpo. Isso impede que o organismo identifique os novos membros como estranhos e passe a atacá-los, por meio das células de defesa do organismo.
No entanto, ao reduzir o sistema de defesa, o paciente fica mais vulnerável a outras infecções.
O hospital francês informou ontem que o paciente será submetido aos mesmos medicamentos que Hallam.
Mesmo se o organismo do paciente não rejeitar o transplante, ele poderá ter outros problemas. O que mais preocupa os médicos é a regeneração dos nervos do antebraço e da mão. A regeneração desses nervos é crucial para devolver ao paciente o controle sobre os membros. Os nervos são responsáveis pela sensação.
Embora possa demorar alguns meses para os nervos se regenerarem, Hallam, que foi operado há 16 meses, não recuperou por completo a destreza e a sensibilidade da mão transplantada. No entanto, ele não apresentou rejeição e já foi fotografado tocando piano e segurando um telefone celular com sua nova mão.


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