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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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BIOTECNOLOGIA

Soja transgênica pode ser fonte para biodiesel

EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os ministérios da Agricultura e da Ciência e Tecnologia defenderam ontem o uso da soja transgênica na produção do biodiesel para abastecer parte da frota nacional de veículos.
A idéia foi lançada pelo ministro Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) e detalhada ontem durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Biodiesel, realizado em Ribeirão Preto e promovido pela USP (Universidade de São Paulo) da cidade.
A intenção do governo é usar parte da soja transgênica já plantada no país, e que está com seu consumo proibido, na produção do combustível.
Cálculos iniciais do ministério apontam que o programa nacional do biodiesel pode representar uma economia anual de R$ 1,8 bilhão de litros de diesel importado pelo Brasil e gerar 200 mil empregos no campo.
Francelino Grando, secretário de Política Tecnológica Empresarial do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), disse que a proposta é "uma equação lógica". "Temos que ter em mente que a soja transgênica não desaparecerá no próximo ano. E precisamos ter uma alternativa."
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que o uso da soja transgênica "é uma boa idéia". Ele defendeu até que se continue produzindo esse tipo de soja para "esmagá-la" e transformá-la em biodiesel.
Essa proposta, ainda segundo o ministro da Agricultura, será discutida pelo governo. "Assim que tivermos uma posição, cada ministério vai tratar de sua parte", afirmou Rodrigues.
O secretário do MCT também defendeu a manutenção da produção dos transgênicos. "Um assunto produtivo não pode ser tratado pela polícia", afirmou.
Francelino Grando e Roberto Rodrigues chegaram ao evento de Ribeirão num microônibus movido a biodiesel. "É para mostrar que isso é uma realidade, que não é um sonho nem um discurso", afirmou Rodrigues.
O projeto, desenvolvido pela USP de Ribeirão, consegue produzir o biodiesel a partir da mistura de óleo vegetal -incluindo o de soja- e etanol, álcool derivado da cana-de-açúcar.
A tecnologia difere do biodiesel utilizado em outras partes do mundo, que usa o metanol -um derivado do petróleo.
Ainda ontem, o prefeito de Ribeirão, Gilberto Maggioni (PMN), assinou uma carta de intenção com a USP para colocar parte da frota da administração municipal movida a biodiesel, já a partir de junho.


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