|
Texto Anterior | Índice
BIOTECNOLOGIA
Soja transgênica pode ser fonte para biodiesel
EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os ministérios da Agricultura e
da Ciência e Tecnologia defenderam ontem o uso da soja transgênica na produção do biodiesel para abastecer parte da frota nacional de veículos.
A idéia foi lançada pelo ministro Roberto Amaral (Ciência e
Tecnologia) e detalhada ontem
durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Biodiesel, realizado em Ribeirão Preto e promovido pela USP (Universidade
de São Paulo) da cidade.
A intenção do governo é usar
parte da soja transgênica já plantada no país, e que está com seu
consumo proibido, na produção
do combustível.
Cálculos iniciais do ministério
apontam que o programa nacional do biodiesel pode representar
uma economia anual de R$ 1,8 bilhão de litros de diesel importado
pelo Brasil e gerar 200 mil empregos no campo.
Francelino Grando, secretário
de Política Tecnológica Empresarial do MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia), disse que a proposta é "uma equação lógica".
"Temos que ter em mente que a
soja transgênica não desaparecerá no próximo ano. E precisamos
ter uma alternativa."
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que o
uso da soja transgênica "é uma
boa idéia". Ele defendeu até que
se continue produzindo esse tipo
de soja para "esmagá-la" e transformá-la em biodiesel.
Essa proposta, ainda segundo o
ministro da Agricultura, será discutida pelo governo. "Assim que
tivermos uma posição, cada ministério vai tratar de sua parte",
afirmou Rodrigues.
O secretário do MCT também
defendeu a manutenção da produção dos transgênicos. "Um assunto produtivo não pode ser tratado pela polícia", afirmou.
Francelino Grando e Roberto
Rodrigues chegaram ao evento de
Ribeirão num microônibus movido a biodiesel. "É para mostrar
que isso é uma realidade, que não
é um sonho nem um discurso",
afirmou Rodrigues.
O projeto, desenvolvido pela
USP de Ribeirão, consegue produzir o biodiesel a partir da mistura de óleo vegetal -incluindo o
de soja- e etanol, álcool derivado da cana-de-açúcar.
A tecnologia difere do biodiesel
utilizado em outras partes do
mundo, que usa o metanol -um
derivado do petróleo.
Ainda ontem, o prefeito de Ribeirão, Gilberto Maggioni
(PMN), assinou uma carta de intenção com a USP para colocar
parte da frota da administração
municipal movida a biodiesel, já a
partir de junho.
Texto Anterior: Política científica: MCT aponta rombo de R$ 600 mi na Finep Índice
|