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Ártico perde 14% de todo seu gelo perene em um ano
Área equivale a uma Turquia, dizem cientistas da Nasa; efeito estufa é culpado
Pela primeira vez, declínio
na cobertura de gelo da
região é observado também
durante o inverno; efeito
não tem precedente recente
Nasa
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Imagem compara 2004 (à esquerda) e 2005 no Ártico e mostra redução do gelo perene (branco) |
DA REUTERS
O gelo perene do Ártico
-aquele que permanece congelado o ano todo- diminuiu
14% entre 2004 e 2005, revelou
anteontem um grupo de climatologistas. A área é equivalente
à de uma Turquia. Segundo
eles, está claro que a culpa é do
aquecimento global.
Pesquisadores monitoram o
encolhimento do gelo marinho
com satélites desde os anos
1970. O que é novo, e impressionou os cientistas, é que o declínio foi observado não só no
verão mas também no inverno.
"O efeito estufa está ficando
realmente aparente no Ártico",
diz Josefino Comiso, pesquisador do Centro Goddard de Vôo
Espacial da Nasa. "O sinal de
aquecimento durante o inverno está enfim aparecendo."
O gelo marinho perene costumava ser razoavelmente estável no Ártico, com declínios
de 1,5% a 2% por década. Em
2005 e 2006, porém, houve
uma redução de 6% em relação
à média dos 26 anos anteriores.
Outro grupo da Nasa, no Laboratório de Propulsão a Jato,
usou dados de um satélite para
chegar à cifra de 14% de redução entre 2004 e 2005.
O gelo marinho de verão
também diminuiu drasticamente nos últimos anos, afirma
Mark Serreze, do Centro Nacional de Dados sobre Neve e
Gelo, no Colorado. Segundo
ele, porém, 2006 deve obscurecer os registros de derretimento dos meses de calor de 2005
por causa dos efeitos resfriadores de um mês de agosto especialmente tempestuoso.
Setembro é o mês em que o
gelo marinho existe em menor
volume no Ártico, um bom momento para avaliar a saúde do
pólo Norte. "O que nós estamos
vendo agora é que a saúde do
sistema não está particularmente boa", diz Serreze.
Pólo quente
Uma imagem de satélite produzida na segunda-feira mostrava o gelo marinho do Ártico
encolhendo além de seus limites de verão normais. Ela mostrava uma falha no gelo de verão do tamanho de Alagoas no
Alasca. Algo sem precedentes.
O encolhimento do gelo significa que parte da luz que incidia sobre a Terra e era refletida
agora será absorvida, realimentando o aquecimento global. O
fenômeno também ameaça espécies árticas, especialmente
os ursos polares. A população
desse animal na baía Hudson,
no Canadá, declinou de 1.200
indivíduos para cerca de 950
(22%), entre 1989 e 2004.
O aquecimento global se deve ao agravamento do efeito estufa, o aprisionamento do calor
da Terra na atmosfera por uma
capa de gases. Gases-estufa, especialmente o dióxido de carbono, são subprodutos da queima de combustíveis fósseis.
"Não é tarde demais para salvar
o Ártico, mas isso requer que
comecemos a reduzir as emissões de dióxido de carbono nesta década", diz James Hansen,
do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, em Nova York.
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