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ASTRONÁUTICA
Instalação seria montada no ponto de equilíbrio entre a Terra e o satélite, 800 vezes mais longe que a ISS
Nasa quer construir base próxima à Lua
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora a construção da ISS
(Estação Espacial Internacional)
ainda esteja longe de acabar, a Nasa está fazendo de tudo para deixar claro que seu programa tripulado não pára por aí. Durante o
Congresso Espacial Mundial, que
começou na última quinta-feira e
vai até sábado, em Houston, EUA,
a agência espacial americana
apresentou o próximo item em
sua lista de prioridades astronáuticas -uma nova base no espaço.
Esse novo posto avançado já seria um grande avanço, em comparação ao representado pela ISS,
no objetivo de levar humanos
além da baixa órbita terrestre
-tópico que faz parte da "visão
da Nasa". Mas sua verdadeira vocação seria a de trampolim, permitindo vôos ainda mais audaciosos, que incluiriam missões tripuladas à Lua ou mesmo a Marte.
O projeto é de autoria do NExT
(Nasa Exploration Team, ou Grupo de Exploração da Nasa, em
português), criado justamente
para elaborar planos de maior alcance para a agência. Os detalhes
só estão sendo apresentados agora em Houston, mas o site Space.com (www.space.com) antecipou algumas das informações.
Na esquina com a Lua
A base, apelidada de L1 Gateway, ficaria mais de 800 vezes
mais distante da Terra que a ISS.
Sua localização seria no primeiro
dos cinco pontos de Lagrange do
sistema Terra-Lua (daí o "L1" do
nome). O ponto de Lagrange (ou
de libração), nesse caso, é um local do espaço em que a gravidade
da Terra e da Lua se compensam,
fazendo com que um objeto ali localizado fique mais ou menos no
mesmo lugar (com relação à Terra e à Lua) o tempo todo.
Em razão de a Terra ter muito
mais massa do que a Lua, o L1 do
sistema fica bem mais próximo
do satélite (a 323 mil km da Terra
e a apenas 61 mil km da Lua). Um
objetivo perfeitamente atingível a
partir da Gateway seria, portanto,
uma nova viagem à superfície lunar, algo defendido por cientistas
no congresso em Houston.
"Acredite, é um passo necessário", diz William Siegfried, um
engenheiro da Boeing que está em
Houston para participar de uma
reunião que debaterá o retorno à
Lua. "Deveríamos voltar para ficar e manter interesse público
com um programa contínuo."
Também há mérito científico
num retorno ao satélite natural.
"Há sempre mais a aprender", diz
David Criswell, da Universidade
de Houston, que vai apresentar
um trabalho sobre como gerar
energia na Lua. "Você pode imaginar quanta pesquisa geológica
foi conduzida na América desde
que Colombo chegou. Missões
não-tripuladas ou mesmo missões curtas do tipo Apolo não vão
encontrar todas as respostas."
Agenda apertada
Segundo relatórios anteriores
produzidos pelo NExT, esse trabalho de reforçar a presença humana nos pontos de Lagrange é
uma tarefa que deve ser iniciada
entre 2006 e 2011 -justamente
após o fim da construção da ISS.
Com a estação, seria possível fazer estudos mais completos dos
efeitos de longa duração da radiação cósmica sobre os astronautas,
além de desenvolver técnicas para
combater a baixa gravidade. Dois
quesitos que precisarão ser bem
conhecidos antes de qualquer
missão tripulada à Marte, que exigiria muito mais planejamento do
que uma simples volta à Lua.
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