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PERISCÓPIO
Outras ovelhas clonadas após Dolly
JOSÉ REIS
especial para a Folha
Em março de 97 causou sensação em todo o mundo a notícia
da clonagem de uma ovelha,
Dolly, nos laboratórios do Roslin Institute, de Edimburgo, Escócia. É o primeiro animal que
assim se obtém a partir de células adultas, não-embrionárias.
Contrastando com o sucesso
de Dolly, não mereceu destaque
a notícia da produção de três, e
pouco depois de mais cinco ovelhas, geradas por células fetais
Äum pouco mais novasÄ, embora o fato apresente talvez
maior importância: é um grande passo no sentido de produzir
animais domésticos com genomas desenhados, o que é muito
relevante. Acresce que a alguns
desses animais se incorporaram
genes, inclusive humanos.
Os genes extras foram inseridos antes da clonagem. Uma das
ovelhas que receberam gene humano foi chamada Polly. Dizem
os especialistas que o feito pode
ajudar a gerar animais domésticos capazes de produzir proteínas humanas aproveitáveis em
tratamento, como os fatores de
coagulação humanos. E isso representa um grande passo.
A técnica empregada para a
produção dos novos tipos é praticamente a mesma usada por
Ian Wilmut e colaboradores na
obtenção de Dolly. O pesquisador começou por expor células
fetais da pele (fibroblastos) ao
DNA (material genético) que
continha tanto o gene humano
que tentavam transplantar,
quanto um gene marcador
não-divulgado. Daí por diante,
Wilmut seguiu a mesma estratégia usada em Dolly (com células
anucleadas e fusão por meio de
pulsos elétricos). Logo iniciou o
desenvolvimento do programa.
A equipe usou células fetais
em vez de adultas por serem
mais eficientes em iniciar o desenvolvimento dos ovos. O nascimento de Polly, diz Elizabeth
Pennisi ("Science", 277, 631.
97), prova que o DNA estranho
do genoma do fibroblasto não
desequilibra as instruções genéticas que guiam o desenvolvimento do animal. As empresas
do ramo já estão usando células
fetais geneticamente alteradas
juntamente com tecnologia de
transferência nuclear para a
produção de fetos de bovinos e
suínos cujas células nervosas
são coletadas para possível tratamento do mal de Parkinson.
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