São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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PERISCÓPIO

Outras ovelhas clonadas após Dolly

JOSÉ REIS
especial para a Folha

Em março de 97 causou sensação em todo o mundo a notícia da clonagem de uma ovelha, Dolly, nos laboratórios do Roslin Institute, de Edimburgo, Escócia. É o primeiro animal que assim se obtém a partir de células adultas, não-embrionárias.
Contrastando com o sucesso de Dolly, não mereceu destaque a notícia da produção de três, e pouco depois de mais cinco ovelhas, geradas por células fetais Äum pouco mais novasÄ, embora o fato apresente talvez maior importância: é um grande passo no sentido de produzir animais domésticos com genomas desenhados, o que é muito relevante. Acresce que a alguns desses animais se incorporaram genes, inclusive humanos.
Os genes extras foram inseridos antes da clonagem. Uma das ovelhas que receberam gene humano foi chamada Polly. Dizem os especialistas que o feito pode ajudar a gerar animais domésticos capazes de produzir proteínas humanas aproveitáveis em tratamento, como os fatores de coagulação humanos. E isso representa um grande passo.
A técnica empregada para a produção dos novos tipos é praticamente a mesma usada por Ian Wilmut e colaboradores na obtenção de Dolly. O pesquisador começou por expor células fetais da pele (fibroblastos) ao DNA (material genético) que continha tanto o gene humano que tentavam transplantar, quanto um gene marcador não-divulgado. Daí por diante, Wilmut seguiu a mesma estratégia usada em Dolly (com células anucleadas e fusão por meio de pulsos elétricos). Logo iniciou o desenvolvimento do programa.
A equipe usou células fetais em vez de adultas por serem mais eficientes em iniciar o desenvolvimento dos ovos. O nascimento de Polly, diz Elizabeth Pennisi ("Science", 277, 631. 97), prova que o DNA estranho do genoma do fibroblasto não desequilibra as instruções genéticas que guiam o desenvolvimento do animal. As empresas do ramo já estão usando células fetais geneticamente alteradas juntamente com tecnologia de transferência nuclear para a produção de fetos de bovinos e suínos cujas células nervosas são coletadas para possível tratamento do mal de Parkinson.



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