São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Censo do mar revela tipos que habitam os dois polos

Associated Press
Espécie marinha Clione limacina, observada nos dois polos

DA REUTERS

Pesquisadores do Censo de Vida Marinha, projeto internacional que tem o objetivo de mapear os oceanos do mundo, descobriram pelo menos 235 espécies idênticas nos mares ártico e antártico.
Até agora, o clima tropical quente tem sido visto como uma barreira que mantém os ursos polares do Ártico separados dos pinguins na Antártida. Sabia-se apenas de algumas criaturas que habitam ambas as regiões polares, como a baleia-cinzenta, de longa migração.
Mas ao menos 235 espécies vivem em ambos os mares polares, apesar de haver 11.000 km de distância entre eles, afirma o grupo. Entre as espécies que habitam os dois polos de água fria estão, além da baleia-cinzenta, vermes, crustáceos e pepinos-do-mar, entre outros.
Eles fazem parte de uma soma de 7.500 animais antárticos e 5.500 animais árticos conhecidos até hoje, de um total global de estimado em até 250.000 espécies marinhas.
"O Ártico e a Antártida são muito mais parecidos do que pensávamos", afirmou o pesquisador Ron O'Dor, que trabalha no censo. Estudos genéticos estão sendo feitos para ter certeza absoluta de que as espécies são realmente idênticas.

Origem das espécies
O resultado levanta questões sobre onde as espécies polares comuns se originaram e como elas acabaram em ambas as extremidades da Terra.
Entre as teorias, há uma de que as larvas de algumas espécies poderiam ser arrastadas para o norte, a partir da Antártida, por correntes frias ao longo do fundo do oceano Atlântico -afastadas de águas quentes superficiais nos trópicos que iriam matá-las.
"Os animais podem ser dispersos por essas longas distâncias no mar profundo", afirmou Julian Gutt, do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha (Alemanha). "O mais provável é a direção a partir da Antártida", afirmou.
Ele disse, porém, que não se sabe de nenhum encontro de espécie "amante de frio" nas profundezas perto da linha do equador para apoiar a teoria.
Entre as descobertas, os pesquisadores afirmam que espécies de pequenos crustáceos estão substituindo alguns maiores, que alimentam baleias e aves, em algumas águas do Ártico. Isso pode estar relacionado ao aquecimento global.
A alteração nestas poucas espécies podem impactar toda a cadeia alimentar.


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